Recentemente, a Rússia anunciou que tem uma vacina contra o câncer “pronta para uso”. De acordo com o governo russo, o imunizante será distribuído gratuitamente para a população em breve, assim que receber a aprovação oficial. Segundo a chefe da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA) da Rússia, Veronika Skvortsova, a pesquisa para desenvolver a vacina levou muitos anos, os últimos três dedicados a estudos pré-clínicos obrigatórios.
Esse imunizante foi pensado para prevenir contra o câncer colorretal, o terceiro tipo que mais mata no Brasil e o segundo no mundo, mas cientistas russos afirmam que já estão trabalhando em versões para glioblastoma, um câncer cerebral grave, e melanoma, câncer de pele mais letal, e que têm tido “avanços promissores”.
Porém, como explica matéria do O Globo, a comunidade científica ainda enxerga a novidade com uma boa dose de desconfiança.
Por que vacina russa contra o câncer gera polêmica?
A questão que gera tanta desconfiança é que basicamente todas as informações que temos sobre a vacina partiram do próprio governo russo, sem publicações em revistas científicas e a tradicional revisão por pares, que ajuda a garantir a confiabilidade daquela pesquisa.
“Todos os dados deveriam ser compartilhados em revistas científicas, que são revisados por pares. É o que atesta a qualidade dos estudos e embasa as análises das agências. O que temos dificuldade aqui é com a transparência desses dados. Não sabemos como foram os estudos pré-clínicos, que moléculas são essas, como vão ser os testes clínicos. Países sérios cadastram todos os estudos clínicos na plataforma clinicaltrials, por exemplo“, explica Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).