O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou nesta quinta-feira (23) ter sido vítima de uma tentativa de envenenamento, após receber presentes contaminados durante um encontro com agricultores na província de Los Ríos. Segundo o mandatário, três substâncias químicas altamente concentradas foram encontradas em uma geleia e em chocolates entregues ao seu gabinete.
“Havia três químicos diferentes, em altíssima concentração. É impossível que isso tenha acontecido de forma acidental”, declarou Noboa em entrevista à CNN.
Os produtos, entre eles uma geleia de tamarindo, outra de chocolate e uma mistela de cacau, foram oferecidos por uma empreendedora local. Após análises laboratoriais, a Casa Militar Presidencial confirmou a presença de cloreto de tionila, cloroetanol e antraceno — substâncias consideradas tóxicas e nocivas à saúde. Nenhum dos produtos tinha registro sanitário para consumo humano.
Diante das evidências, o órgão responsável pela segurança do presidente apresentou denúncia formal ao Ministério Público equatoriano e entregou as amostras para investigação.
A empreendedora que enviou os presentes, Yolanda Peñafiel, negou qualquer intenção criminosa. Em entrevista a um portal local, afirmou que agiu “de boa fé” e que desconhece o que possa ter ocorrido após a entrega.
“Meu coração não está para fazer mal a ninguém. Fiz tudo com boa vontade. Entreguei os produtos aos militares que fizeram a checagem, e não sei o que aconteceu depois”, disse.
Segunda ameaça em menos de um mês
O episódio marca o segundo incidente envolvendo a segurança de Noboa desde que ele assumiu a presidência. No início de outubro, durante protestos contra o fim do subsídio ao diesel, o comboio presidencial foi apedrejado e atingido por artefatos incendiários. À época, o governo chegou a afirmar que o veículo havia sido alvo de tiros, embora não tenha apresentado provas.
As manifestações, lideradas por grupos indígenas e movimentos sociais, se intensificaram após a decisão do governo de eliminar o benefício que mantinha o preço do combustível mais baixo.
“Ninguém quer que joguem uma bomba molotov, um rojão, ou que tentem envenenar com um chocolate”, disse Noboa, de 37 anos, ao comentar os recentes ataques.
Contexto político e clima de tensão
O caso ocorre em meio a um cenário de forte instabilidade no país. Noboa, que foi eleito em 2024 com a promessa de restaurar a segurança e impulsionar a economia, enfrenta uma onda de violência e protestos em várias regiões.
A denúncia também surge às vésperas da consulta popular marcada para 16 de novembro, na qual o presidente buscará apoio para abrir caminho à convocação de uma Assembleia Constituinte.




