A Uber anunciou, na última semana, um investimento de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,67 bilhão) na compra de ações da fabricante de veículos elétricos Lucid Motors, como parte de uma estratégia ousada para criar sua própria frota global de robotáxis.
O acordo prevê a aquisição de pelo menos 20 mil SUVs elétricos Lucid Gravity, adaptados com tecnologia de condução autônoma de Nível 4, desenvolvida em parceria com a startup de inteligência artificial Nuro. A frota será exclusiva da plataforma Uber e deve começar a operar em cidades dos Estados Unidos no segundo semestre de 2026.

Embora o anúncio original mencionasse um lançamento global, o Brasil está fora dos primeiros testes, o que levanta dúvidas sobre o futuro da operação da Uber no país.
Por que o Brasil pode ficar para trás?
Com a chegada iminente dos robotáxis, especialistas afirmam que a Uber poderá reduzir gradualmente serviços com motoristas humanos em mercados onde a operação é mais cara e burocrática.
O Brasil — onde a empresa enfrenta altos custos trabalhistas, tributação complexa e discussões judiciais sobre vínculo empregatício com motoristas — pode estar entre os países onde a Uber repensa ou diminui gradualmente sua atuação, caso a frota autônoma se torne o foco central.
Fontes próximas ao mercado relatam que, nos bastidores, a Uber estuda revisar contratos e operações em países onde o retorno financeiro está abaixo da média global.
O que muda com os robotáxis?
Os SUVs elétricos Lucid Gravity, que já estão sendo testados em circuito fechado em Las Vegas, terão:
- Autonomia de 450 milhas (cerca de 724 km) por carga, reduzindo paradas para recarga;
- Sistema Nuro Driver™ de Nível 4, que dispensa motoristas humanos em áreas previamente mapeadas;
- Cabines espaçosas e confortáveis, projetadas para longos deslocamentos e uso em caronas compartilhadas;
- Integração direta com a plataforma Uber, que gerenciará a frota e as corridas.
A previsão é que esses veículos operem 24 horas por dia, com custos menores e menos interrupções, podendo reduzir tarifas em mercados onde forem implementados.
Concorrência acirrada e impacto no mercado
A aposta da Uber ocorre em meio a uma corrida global pela liderança dos serviços de transporte autônomo.
- A Waymo, subsidiária do Google, já opera robotáxis em cidades como Phoenix e San Francisco.
- A Tesla lançou, em junho, seu serviço experimental de táxis autônomos em Austin, no Texas.
Com a parceria com a Lucid e a Nuro, a Uber busca escalar rapidamente e diminuir a dependência de motoristas humanos, algo que pode transformar completamente o modelo de negócios da empresa nos próximos anos.