O açaí, um dos símbolos da culinária amazônica, poderá ser servido normalmente durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), marcada para novembro em Belém (PA). A decisão veio após forte repercussão negativa ao edital inicial da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), que havia vetado a comercialização do fruto e de outros pratos típicos, como tucupi e maniçoba, sob justificativa de risco sanitário.
O veto havia sido fundamentado em alegações de risco de contaminação da doença de Chagas, no caso do açaí não pasteurizado, e de toxinas naturais em alimentos como tucupi e maniçoba, se preparados de forma inadequada. A lista incluía ainda maionese, carnes malpassadas, sucos in natura e molhos caseiros.
A exclusão dos pratos regionais gerou indignação entre chefs e especialistas em gastronomia. O paraense Saulo Jennings, referência internacional da culinária amazônica, classificou a medida como “um crime contra nosso povo”. Ele destacou que a COP representa oportunidade única de valorizar a cultura gastronômica local e movimentar o turismo.
Atuação do governo foi decisiva
Diante da repercussão, o ministro do Turismo, Celso Sabino, articulou com representantes do setor gastronômico e conseguiu reverter a decisão. Em errata publicada pela OEI, os alimentos tradicionais foram reincluídos no cardápio da conferência.
Em nota, o Ministério do Turismo lembrou que Belém é reconhecida como “cidade criativa da gastronomia” pela Unesco e foi eleita pela editora Lonely Planet como um dos dez melhores destinos gastronômicos do mundo em 2024.
Valorização da produção local
O edital da COP30 prevê que ao menos 30% dos insumos sejam adquiridos da agricultura familiar e dá prioridade a cooperativas, associações e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e mulheres rurais. A medida busca garantir que o evento também fortaleça a economia local e promova a sociobiodiversidade da Amazônia.
A organização reforçou que as recomendações se aplicam exclusivamente aos espaços da conferência, sem impacto sobre restaurantes e feiras em Belém ou no Pará. Uma audiência pública está marcada para o dia 19, quando fornecedores interessados em operar a alimentação oficial da COP30 apresentarão suas propostas.