Ease Labs adquire empresa de fitoterápicos na RMBH

Operação é considerada importante para o processo de verticalização da startup

3 de agosto de 2022 às 0h28

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Mineira Ease Labs pretende lançar quatro produtos a base de canabis até o fim deste ano | Crédito: Divulgação / Ease Labs

O mercado legalizado da canabis é cada vez maior no País. Farmacêuticas, startups, importadoras, consultorias e fundos de investimentos movimentam a produção e venda do canabidiol, princípio ativo da canabis sativa para fins medicinais. Uma das empresas pioneiras neste mercado é a mineira Ease Labs, que acaba de adquirir a empresa de fitoterápicos Catedral.

O valor da aquisição é mantido em sigilo, mas o CEO e fundador da startup, Gustavo Palhares, adiantou que o impacto da aquisição trará um acréscimo de 5% na Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do grupo.

“Essa aquisição é um passo muito importante rumo ao nosso processo de verticalização, cujo objetivo é maior segurança na cadeia de suprimentos, além de aumento do valor e da margem do nosso negócio, o que significa flexibilidade para oferecer descontos”, afirma Palhares.

“A gente vai ter um produto disponível na farmácia, a um preço bastante acessível. E as pessoas poderão substituir um medicamento tarja preta, que provoca graves efeitos colaterais ao longo do tempo, por um tratamento à base de canabis, bem mais ameno”, acrescenta.

Com a aquisição, a empresa vence mais uma etapa para verticalizar a produção, já que o processo de purificação do canabidiol (CBD) – já liberado pela Anvisa – será feito em solo brasileiro. Mais precisamente em Vespasiano, Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde a Catedral atua desde 1993.

Já a Ease Labs se instalou em 2018 na capital mineira e, desde então, vem se estruturando para produzir os medicamentos que acabam de receber o licenciamento da Anvisa. São formulações para tratamento de doenças neurológicas, dores crônicas, ansiedade, insônia e depressão.

A empresa prevê lançar três tipos de produtos até o fim do ano, em solução oral (gotas): um com canabidiol isolado; outro com alto teor de canabidiol e baixo de THC; e, ainda, um com alto teor de canabidiol e THC.

Em maio, a Ease Labs atraiu o fundo de investimentos MadFish, pertencente ao tenista mineiro Bruno Soares, com aporte de R$ 12 milhões. A captação, realizada com a assessoria da butique mineira VS1 Capital, compõe parte do plano de expansão da companhia.

A farmacêutica planeja investir R$ 80 milhões nos próximos dois anos e faturar mais de R$ 240 milhões nos próximos três anos, inclusive vendendo insumos para outras empresas do setor. Segundo Palhares, a verticalização trará mais robustez ao grupo, ampliando as condições para que ele possa disputar a liderança do mercado, cujos números ainda não estão definidos.

Um estudo da consultoria Kaya Mind estima que apenas o setor de medicamentos à base de CBD gerou R$ 130 milhões no ano passado no País. Já a Euromonitor International calcula que o mercado de canabidiol no Brasil deve movimentar R$ 377,8 milhões no ano que vem. E que até 2026, as vendas chegarão a R$ 4,03 bilhões.

Para Palhares, as duas estimativas estão corretas, já que, segundo ele, a taxa de crescimento vai ser muito agressiva com a entrada de novos players. “O mercado que existe hoje é de produtos importados e das compras de um único produto que está nas farmácias. Mas muita gente não compra, mesmo sabendo das vantagens do produto, porque ele é caro ou demora pra chegar. Ou seja, o mercado consumidor potencial é muito maior do que o atual”, explica o empresário.

Ele calcula que o produto da Ease Labs poderá ser vendido a um preço entre 40% e 60% menor que o já existente nos balcões das farmácias – e que custa em torno de R$ 2.500 o frasco de 30 ml.

Atualmente, a Ease Labs produz medicamentos e óleos à base de canabinoides em sua fábrica na região da Pampulha. O principal insumo, o óleo purificado de CBD, vem de fornecedores em Israel, Itália, EUA e Colômbia. O objetivo é que, no futuro, todos os processos sejam realizados no Brasil. Para isso, a Ease Labs segue um roteiro, acelerado pela aquisição da Catedral, através da qual vai purificar o óleo comprado cru.  

Estrutura da Catedral

A Catedral é uma das sete farmoquímicas de fitoterápicos do País. Sua estrutura será mantida, assim como as equipes, que juntas somam 82 pessoas. Sua proprietária, Telma de Azevedo Garcia, continua na empresa nos próximos três anos, à frente da área comercial.

“Com uma cadeia 100% sustentável e clientes do setor de alimentos, cosméticos e farmacêuticos, a Catedral mostrou excelência no segmento. Para 2022, a expectativa é de que seu faturamento ultrapasse os R$ 9 milhões. Além disso, a empresa, já lucrativa, atua em um setor em alto crescimento, que possibilita a produção de insumos fitoterápicos oriundos de diversos tipos de produtos naturais”, afirma Gustavo Palhares.

O ex-advogado segue assim o caminho que vislumbrou com seu sócio Guilherme Franco em 2016, quando estudou profundamente o mercado de canabidiol que se abria nos EUA e no Canadá.  A ideia, desde então, era atuar em algo que fizesse a diferença para a sociedade. “Impactar positivamente as pessoas, democratizar o acesso e propiciar mais qualidade de vida aos brasileiros são valores da Ease Labs e essa aquisição se alinha com todos eles”, conclui. 

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