Em agosto de 2027, parte do planeta viverá a sensação de ver o Sol desaparecer em pleno dia. No dia 2 de agosto, acontecerá o eclipse solar total mais longo do século XXI, com duração de seis minutos e 23 segundos — um recorde que não será superado até 2114. O fenômeno astronômico, que transforma o dia em noite por alguns instantes, promete ser um espetáculo inédito para quem estiver no caminho da sombra da Lua.
Infelizmente, o Brasil não estará na rota da totalidade, mas o evento poderá ser visto parcialmente nas regiões Norte e Nordeste, especialmente em Manaus e Belém, onde a Lua cobrirá boa parte do disco solar.
O eclipse solar total ocorre quando a Lua se alinha perfeitamente entre a Terra e o Sol, bloqueando completamente a luz solar em uma estreita faixa da superfície terrestre. Durante alguns minutos, o dia escurece, a temperatura cai e é possível observar a corona solar — a camada externa do Sol, visível apenas nesse tipo de evento.
O eclipse de 2027 será especial pela duração excepcional e pela localização privilegiada do trajeto da sombra. Países como Espanha, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão, Arábia Saudita, Iêmen e Somália estarão no caminho da totalidade e se preparam para receber milhares de visitantes.
“É um evento científico e cultural de proporções históricas. A duração e a rota tornam esse eclipse único para esta geração”, explica o astrônomo espanhol Miguel Torres, do Observatório de Cádiz.
Um espetáculo entre o deserto e as pirâmides
O percurso do eclipse cruzará paisagens icônicas. No Egito, a escuridão total poderá ser observada próxima às pirâmides de Gizé, cenário que deve atrair cientistas, fotógrafos e turistas do mundo todo.
Na Espanha, cidades como Málaga e Cádiz estarão no centro da trajetória, e já há hotéis com reservas esgotadas para agosto de 2027. Países do norte da África, como Marrocos e Tunísia, também preparam pacotes turísticos e festivais astronômicos.
“Assistir a um eclipse total é presenciar um dos fenômenos mais intensos da natureza. Em 2027, teremos um palco perfeito para isso”, afirma a pesquisadora Amina El-Fassi, do Instituto de Astrofísica de Rabat.
Por que esse eclipse é tão raro
Apesar de eclipses solares acontecerem a cada 18 meses em algum ponto da Terra, os totais — em que o Sol é completamente coberto — são raros e exigem uma combinação precisa de distâncias e ângulos entre os astros.
O último eclipse com duração próxima a essa foi em 1991, e o próximo, com tempo semelhante, só ocorrerá em 2114.
Em 2024, um eclipse de pouco mais de quatro minutos encantou observadores nos Estados Unidos, mas o de 2027 supera todas as expectativas: quase seis minutos e meio de escuridão total, uma oportunidade de ouro para a ciência observar detalhes do comportamento solar.
Preparativos e segurança para observação
Cientistas da NASA e de outras agências espaciais já planejam expedições para estudar a corona solar e o vento solar, fenômenos visíveis apenas durante eclipses totais.
Para o público, o alerta é o mesmo de sempre: olhar diretamente para o Sol sem proteção adequada pode causar danos permanentes à visão. A observação segura só é possível com óculos certificados ou filtros solares apropriadospara telescópios e câmeras.
“Nem óculos escuros, nem lentes improvisadas servem. O risco de lesão ocular é real e irreversível”, reforça o oftalmologista Rafael Mendes, da Universidade de São Paulo.
Quem não estiver em regiões com visibilidade favorável poderá acompanhar transmissões ao vivo pela internet, em canais de astronomia e plataformas de agências espaciais.