No ano passado, o governo Lula adotou uma das suas medidas mais impopulares: o fim da isenção do Imposto de Importação para compras internacionais de até US$ 50 (mais ou menos R$ 270). A medida ficou conhecida como a “taxa das blusinhas” e um dos argumentos para justificá-la é impulsionar o setor interno, já que muitos lojistas se queixavam da concorrência desleal de plataformas internacionais como a Shein.
Mais de um ano depois, a taxa das blusinhas fez o que prometeu? De acordo com um levantamento da LCA Consultoria Econômica, a resposta é não. Como foi repercutido pela Folha de São Paulo, o levantamento concluiu que a taxa não aumentou a oferta de empregos nos setores protegidos e acabou foi pesando no bolso dos mais pobres e fazendo os estados perderem arrecadação.
Como já era esperado, o Imposto de Importação teve sim um impacto sobre as compras internacionais. Houve uma queda de 43% em compras internacionais de baixo valor, mas essa queda não foi o bastante para impactar a demanda interna.
“Era evidente que o imposto reduziria a importação, aumentaria o custo dos produtos, especialmente para as famílias de classe média e baixa, mas esperava-se alguma contrapartida na geração de emprego – e o que mais surpreendeu é que a gente não consegue enxergar esse impacto positivo”, declarou o diretor da LCA e coordenador do estudo, Eric Brasil, à Folha.
Nos 12 meses após a criação da taxa das blusinhas, o emprego na indústria e no varejo cresceu apenas 0,9%.
Como a taxa das blusinhas impacta a renda dos brasileiros
O estudo ainda revela que a taxa tem um impacto médio abaixo de 0,5% para famílias mais ricas, mas ultrapassa 1% para a classe E. Para consumidores de menor renda, a taxa aumentou o número de desistências de compra de 35% para 45%.




