Vale espera melhores preços do níquel
Rio de Janeiro – A Vale, líder na produção global de níquel, vai esperar uma recuperação nos preços do metal para voltar a investir no segmento no qual a companhia tem registrado queda “consciente” na produção, informou, ontem, o presidente da mineradora, Fabio Schvartsman.
Ele afirmou, durante evento no Rio de Janeiro, que a empresa só retomará investimentos quando os preços do níquel atingirem US$ 20 mil a tonelada, um nível muito acima do patamar atual, que está inferior a US$ 13 mil a tonelada.
O executivo reiterou que a empresa permanece aguardando uma melhora desse mercado, pautada no potencial de uma futura demanda para a produção de baterias para carros elétricos. Schvartsman não fez previsões sobre o momento em que o patamar de preços poderá ser alcançado.
Na véspera, a Vale reduziu novamente a previsão para a produção de níquel neste ano, após o terceiro trimestre ter apresentado um volume inferior ao previsto anteriormente. “Nós tomamos a decisão consciente de reduzir nossa capacidade por enquanto, aguardando o momento em que eventualmente os preços reajam e faça mais sentido utilizar essas reservas. Isso é uma estratégia consciente que está sendo praticada há um ano e meio”, afirmou.
A commodity é uma das principais apostas do executivo, desde que assumiu a empresa, maior produtora global de minério de ferro e níquel do mundo, em maio de 2017.
Em declarações passadas, o CEO também previu que futuramente os metais básicos – o níquel, em grande parte – ganharão relevância nos resultados da empresa, como parte de uma estratégia de diversificação. O executivo destacou que a Vale tem na Indonésia as maiores reservas globais não utilizadas de níquel. “Se alguém no mundo pode reagir e entregar produto se houver essa explosão de demanda de níquel é a Vale”, afirmou.
Ele reiterou ainda que a Vale busca atualmente empenhar o seu caixa na política de dividendos, para remuneração de acionistas, e planeja recomprar ações de tempos em tempos. Para o executivo, as ações da empresa não refletem atualmente o valor da companhia.
Minério de ferro – Já do lado do minério de ferro, Schvartsman descreveu o atual cenário como excepcional, pois considera que a empresa está em uma posição mais favorável do que suas grandes concorrentes da Austrália, cujas minas são mais antigas e já começam a apresentar declínio.
Enquanto a produção e as vendas de minério de ferro da Vale foram recordes no terceiro trimestre, a concorrente Rio Tinto registrou recuo de 5% nos embarques no período, prejudicada por manutenção planejada e pausas por questões de segurança.
O presidente da Vale ainda destacou que a demanda da China por minérios de melhor qualidade e menos poluentes, devido à luta do gigante asiático contra poluição, tem beneficiado a companhia que, ao aumentar a produção de sua mina S11D, inaugurada no fim de 2016, tem abocanhado maior parte do mercado, com prêmios maiores.
Segundo o executivo, o prêmio do minério com mais qualidade sobre o de menor qualidade chega até US$ 56 a tonelada. Nesse cenário, Schvartsman destacou que a Vale está bem posicionada para atender seu principal cliente, com uma capacidade de “blendagem” de 120 milhões de toneladas de minério de ferro.
Sobre os preços do minério de ferro, o presidente da Vale acredita que deverão se manter no atual patamar para o próximo ano. (Reuters)
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