Opinião

EDITORIAL | Enfeites que custam caro

Ministérios no Brasil, hoje, não são apenas um dos símbolos da gastança que consome recursos públicos e ajuda a rechear alguns bolsos. São também moeda de troca, selando alianças e produzindo – até agora – a ilusão da governança, à custa do mérito e da boa gestão, assuntos que estão fora de pauta faz tempo. Com ministérios, que eram doze à época da inauguração de Brasília e hoje passam dos trinta, número que talvez não por coincidência guarda proporção com a quantidade de partidos políticos, sucessivos governos foram inchando a máquina pública, numa rotina que evidentemente não faz o menor sentido.

Alimentou-se, e não há de ter sido por acaso, a ilusão de que conferir status de ministério a determinada área ou segmento, era sinônimo de prestígio, traduzindo importância ou relevância. Pura ilusão, evidentemente, e bem ilustrada, dentre outros exemplos que poderiam ser lembrados, no tal Ministério da Pesca, cujos propósitos, no plano da realidade e da boa gestão, jamais foram sequer explicados. O tema volta à baila por conta da atual campanha eleitoral quando, e mais uma vez, não tem faltado promessas de que ministérios serão extintos. Até aqui, rigorosamente, nada de novo. Novidade surgirá se a promessa for cumprida adiante.

É evidente e bastante óbvio que prioridades não são determinadas pelo ritual da criação de ministérios, que servem muito mais à política e à burocracia nela incrustada que propriamente ao tema que se pretende prestigiar. Por exemplo, e como já foi mencionado na atual campanha, faz sentido que esportes e cultura tenham abrigo – natural até – no Ministério da Educação, num esforço de integração, racionalidade e redução de gastos que absolutamente não deve ser entendido como desprestígio, ou valorização para quaisquer dos eventuais envolvidos. Com políticas adequadas, sólidas, pode ser exatamente o contrário e com a vantagem da racionalidade, do mérito, da eficiência. E tudo isso livre das ingerências políticas que são sabidas e reconhecidamente nocivas, além de caras.

Para mudar é preciso ter coragem e muito mais, o que significa inclusive desalojar velhos fantasmas que se abrigam, ou se escondem, no serviço público. Da mesma forma é preciso entender que as mudanças são impositivas e o tempo tão curto quanto os recursos que já ultrapassaram o limite da exaustão, numa rota que por enquanto caminha na direção de um colapso que pode estar mais perto do que se imagina. Eis porque, nessa campanha, não deveria haver espaço para promessas que logo adiante, como já aconteceu, podem ser engavetadas e esquecidas.

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