[EDITORIAL] As respostas que não vêm
A transição na administração federal avança num ritmo que, pelo menos nas aparências, vai sendo tocada numa velocidade absolutamente inédita e, curioso, produzindo efeitos mesmo faltando mês e meio para a posse do novo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Sobretudo no que diz respeito às relações externas e, consequentemente, ao comércio internacional, em que o principal parceiro do País foi severa e reiteradamente criticado e já fez saber sua contrariedade. Outro exemplo um tanto incômodo é o do Mais Médicos, em que a retirada intempestiva dos cubanos, com suas consequências, foi um recado que não pode deixar de ser escutado.
O futuro governo parece inclinado, ou mais que isso, a um alinhamento com os Estados Unidos, que, pragmaticamente, pode não ser a posição mais conveniente do ponto de vista dos interesses econômicos do País. É absolutamente fundamental que o País busque parceiros onde eles estiverem e onde as oportunidades se apresentem mais favoráveis, sem que nesses movimentos exista qualquer viés político. Esse olhar, aliás, nas presentes circunstâncias, pode ter um outro significado ao retirar o foco daquilo que realmente interessa. Resumindo, o País carrega uma dívida que não pode ser suportada e um déficit fiscal igualmente insustentável. Nessas circunstâncias, romper as barreiras da virtual estagnação é tarefa das mais complexas e disso, em termos objetivos, se tem falado muito pouco e inconsistentemente. Como se ainda não tivesse chegado à equipe de transição o conhecimento de que, sem uma reviravolta rápida, o Estado brasileiro pode chegar a uma situação de insolvência em menos de dois anos.
Falta também a compreensão de que a correção de rumos não é tarefa exclusiva dos governos. O Estado será mais eficiente, menor e mais justo se toda a sociedade assim desejar e se incorporar aos esforços de transformação. E começando pelo entendimento de que somos nós, em conjunto, que resolveremos os problemas e não o Estado, que é bom para os que dele usufruem e péssimo para a grande maioria que paga a conta. Eis a direção das mudanças das quais pouco ou nada se tem falado enquanto persiste uma discussão ideológica, polarizadora, completamente desajustada no tempo, ainda que reproduzida com conteúdo semelhante em outras latitudes.
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Em resumo, o que interessa hoje é saber como, com que estratégia e com que recursos o Brasil retomará a rota do crescimento, gerando empregos, riquezas, consumo e impostos que devolvam ao Estado a capacidade de investir nas áreas de sua competência direta, como saúde, educação e segurança, além de infraestrutura, tudo isso num ambiente em que o bem público esteja, de fato, sempre em primeiro plano.
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