Opinião

Onde fracassa o gênio brasileiro?

Adriana Aparecida de Oliveira Rezende*

Que beleza, um horror. Ao acolher as novas tecnologias de inteligência, na década de 90, fizemos uma aposta “no futuro”. Um país jovem, com suas agruras, grandeza, potência e riquezas naturais que despertam as mais perversas manifestações da ganância econômica. E deixamos de acreditar, faz parecer…

Falhamos na pressa e necessidade de afirmação em parâmetros de competência estrangeiros que não tiveram sucesso e competência para gerir os próprios problemas sociais, culturais ou econômicos e cujos modelos falidos estamos comprando sem avaliação responsável.

Fracassa o País na crença de que é melhor se exprimir em idiomas outros antes de dominar o seu. Sendo conivente com um genocídio cultural que acontece em seu lar.

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Pagamos o preço pela renúncia aos valores humanos elementares, na troca de métodos de ensino experimentados, rotinas de trabalho eficientes por tecnologias mal compreendidas, fundadas em algoritmos ininteligíveis e vocabulário tão impactante quanto falso. Foi na aplicação de práticas laborais cujo desconhecimento revelou a ineficiência da gestão dos saberes a que se propunham.

Na esteira deste momento, formaram-se gerações de contornos morais no mínimo curiosos. Adultos, que agora arregaçam as mangas nas redes sociais, no mercado de trabalho e nas ruas, reclamando coerência e limite para o exercício de sua maioridade. No caos que se formou.

Darcy Ribeiro, um brasileiro dotado de amor próprio, apaixonado que realizou grandes investidas no pensamento das questões nacionais, em 1978, ao receber o título de Doutor Honoris Causa da Sorbone, discursou com tristeza ao falar das suas tentativas de salvar os índios, promover a educação, cuidar do patrimônio agrário, da floresta Amazônica e, disse que aquele título era “a consolação dos meus fracassos” (sic).

Longe de sê-lo, deixa estas bandeiras içadas em suas palavras preciosas e atuais.
Este quadro de aparente derrota revela, no entanto, um País cheio de vigor, ainda rico, ainda potente, do qual fogem assustados alguns pacatos cidadãos e para o qual chegam muitos estrangeiros mapeados com as possibilidades que aqui repousam.

Não é privilégio nosso estar em xeque pela aposta em tecnologias imediatistas, causadoras de desastres sociais e humanos. Todo o planeta compartilha desta perplexidade.
Não é um fracasso do gênio brasileiro. Nosso País não é o palco do fracasso do gênio humano, não fundamos uma cultura de horrores, e talvez aqui, quem sabe, esse gênio se refaça diante de tantos impasses?

* Pedagoga

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