Avança a confiança da indústria mineira

A expectativa dos empresários da indústria de Minas Gerais de uma melhora do ambiente de negócios proveniente das mudanças que serão implementadas pelos novos governos estadual e federal provocou um aumento expressivo no Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) em novembro.
De acordo com dados divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o avanço foi de 12,4 pontos frente ao Icei de outubro e o índice alcançou 63,3 pontos em novembro, maior nível desde setembro de 2010, além de ser um resultado muito superior à média histórica de 51,7 pontos.
Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, as principais agendas de reformas necessárias para a retomada do crescimento econômico são redução da complexidade tributária e das regulamentações, além da readequação do tamanho do Estado para solucionar o problema das contas públicas.
“As expectativas se somaram e estão refletidas na pesquisa com o aumento considerável do indicador. As definições da eleição são as que o mercado entende como mais adequadas, por isso o índice de confiança subiu e esse cenário deve gerar novos investimentos e maior arrecadação futura”, afirmou o dirigente.
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De acordo com o levantamento da Fiemg, o Índice de Condições Atuais cresceu 9,4 pontos, saindo de 43,1 pontos em outubro para 52,5 pontos em novembro, voltando a ficar acima de 50 pontos após sete meses abaixo desse patamar.
A principal influência positiva no Icei foi o componente de expectativas dos empresários para os próximos seis meses, que atingiu 69,1 pontos em novembro, com expansão de 14,7 pontos frente ao índice de outubro. O indicador alcançou o maior nível em oito anos e meio e ficou muito acima da média histórica (55,5 pontos).
Pré-colapso – A manutenção do índice de confiança dos empresários da indústria de Minas em patamares inferiores ao do País nos últimos meses é justificado por Roscoe pelo que ele chamou de pré-colapso do Estado. “Em Minas Gerais a mudança foi significativa e o retorno da confiança traz uma esperança que esse pré-colapso seja resolvido pela próxima gestão”, ressaltou.
Nesse sentido, o presidente da Fiemg destacou que o discurso do governador eleito Romeu Zema é mais enfático na necessidade da redução do tamanho do Estado para maior eficiência do serviço público. “O Estado vai ter que ser reinventado porque estamos muito próximos do colapso do serviço público e, se nada for feito para uma reestruturação isso, vai acabar acontecendo”, alertou Roscoe.
Com propostas já apresentadas para o próximo governo prioritariamente nas áreas de meio ambiente e tributária, ele explica que a principal demanda da indústria é a simplificação da legislação tributária e ambiental, além de uma desburocratização para o empreendedor.
“Entendemos que vários critérios ambientais e tributários são excessivos e mais exigentes em Minas na comparação com outros estados e países. O governador eleito disse que prevê uma readequação e é uma mudança de percepção que nós entendemos que pode trazer novos investimentos”, avaliou.
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Contas públicas – Sobre a situação das contas públicas em Minas Gerais, Roscoe defendeu que um dos principais fatores para a ausência de qualidade na prestação do serviço público é a estabilidade dos cargos públicos. Segundo o presidente da Fiemg, a folha de pagamento do Estado atinge quase 80% do total de recursos arrecadados e isso é um quadro crítico que o governador eleito pretende rever.
Para Roscoe, o problema é complexo e tem que ser enfrentado com o apoio da sociedade que tem que estar consciente de que sacrifícios devem ser feitos para equalizar a situação pública como cortes, por exemplo.
“Os servidores estão sentindo a situação na pele com salários atrasados, além de vários serviços públicos perto da interrupção. Entendemos que esse debate tem que ser nacional e isso de fato tem que ser revisto para que haja produtividade e qualidade na prestação do serviço público”, pontuou.
No entanto, Flávio Roscoe ressaltou que a redução de despesas, com melhoria da disponibilidade para investir, pode gerar aumento de receita, evitando necessidade de ações abruptas.
“Para reverter esse quadro, o crescimento é fundamental e, por isso, a retirada de obstáculos pode evitar ajustes duros. Esperamos que o índice de confiança seja revertido em investimentos, no crescimento da produção econômica e, consequentemente, melhorar a arrecadação”, afirmou Roscoe, ao destacar também que a previsão é de que o próximo ano seja mais promissor na geração de empregos.
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