Economia

[EDITORIAL] A receita já está pronta

Reequilibrar as contas públicas e recuperar o ambiente de negócios em Minas Gerais. Para o governador eleito Romeu Zema, estes dois pontos resumem os maiores desafios de sua gestão e o sinal de partida para ações que ele pretende ser transformadoras. Simplificar e desburocratizar está nessa linha, num processo que pode guardar semelhanças com todo o esforço realizado, a partir da publicação do Diagnóstico da Economia Mineira, em meados dos anos sessenta quando o governador Israel Pinheiro chegou ao Palácio da Liberdade e só encontrou restrições, por conta da falta de sintonia com o regime militar. Sem poder agir, o construtor de Brasília teve a sabedoria de planejar, de construir um modelo que respondia às fragilidades assinaladas no diagnóstico, e que seu sucessor, Rondon Pacheco, teve a sabedoria de implantar.

Deu absolutamente certo, gerando um ciclo de expansão econômica sem paralelo no País à época. Este modelo, posto de lado por injunções políticas ou falta de visão, ainda contém os elementos essenciais para as transformações que o futuro governador imagina implantar.

Vale esse olhar, por exemplo, quando Zema lembra que o produto interno do Estado tem um terço de sua composição vindo do agronegócio, mas também aponta que é preciso e urgente agregar valor, via beneficiamento, a tal produção. Como, afinal, aceitar que o Estado seja um dos maiores produtores de café no mundo enquanto a Alemanha, que não deve ter um único pé plantado, é a maior processadora? Zema, como empresário bem-sucedido, sabe a resposta. Que se aplica igualmente aos minérios e às pedras preciosas, que nos faz exportadores e não produtores de riquezas.

Pode mudar e a receita é mesmo simplicidade e objetividade, em condições tais que empresários de fora possam, de fato, enxergar Minas Gerais como o melhor abrigo para investimentos. Para isso, e como também já disse o futuro governador, é preciso também rever, simplificando, a questão tributária, fator essencial de competitividade, e recuperar a infraestrutura de transportes, além de melhorar, em termos de custos inclusive, a oferta de energia. Quem sabe não seria o momento de repetir o binômio energia e transportes que consagrou Juscelino Kubitschek?

Como ele, trata-se de pensar grande, numa receita que, essencialmente, está contida no já mencionado Diagnóstico da Economia Mineira, que não envelheceu, como o exemplo de seu principal autor, o economista Fernando Roquete Reis, e carece no máximo de atualização. Tudo isso também significa, como vem sendo dito neste espaço, que a questão se resume em devolver a Minas Gerais seu natural e esperado protagonismo, num processo que também se aplica ao País.

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