Parceria valiosa

Carlos Mário de Morais*
Em um dos pronunciamentos dos mais lamentáveis, o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que é preciso “meter a faca no Sistema S”, causando estranheza a nós, empresários. O Brasil passa por um momento difícil, e todos concordamos que é preciso fazer um esforço pela Pátria. Discordamos frontalmente é com a forma e o conteúdo usados pelo futuro ministro.
Antes de sugerir claramente ações para superar as mazelas da economia e do setor público, ele atacou uma das poucas estruturas que funcionam com qualidade, garantindo competitividade ao setor produtivo do Brasil. Os recursos do Sistema S são contribuições das próprias indústrias e destinam-se a financiar educação e qualidade de vida para os trabalhadores.
No caso das mais de 2 mil empresas dos setores Farmacêutico, Cosmético, Petroquímico e Produtos Químicos para fins industriais de Minas Gerais, representadas pelo Sindusfarq, a parceria é fundamental. Nossas indústrias geram cerca de 72 mil empregos diretos nas diversas regiões do Estado. São trabalhadores que sempre foram treinados pelo Senai e contaram com serviços de Saúde e Segurança do Sesi, os melhores do Brasil, que fez a diferença na vida de milhões de brasileiros. O setor gerou 46,15% da arrecadação de ICMS da indústria de Minas Gerais em 2017, correspondendo a R$ 10,3 bilhões.
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Muito desse desempenho se deve ao trabalho do Sesi, que apresenta resultados relevantes. Em 2017, realizou-se cerca de 1,6 milhão de matrículas em educação básica regular, educação continuada e educação de jovens e adultos (EJA) a trabalhadores e seus dependentes. Mais de 50 mil indústrias foram atendidas com programas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) que beneficiaram 4 milhões de pessoas.
Em Minas Gerais, o Sesi mantém 38 escolas, com mais de 15 mil alunos. No Enem 2017, posicionaram-se entre as escolas de melhor desempenho no País. O Sesi MG também oferece à sociedade cinco centros de cultura, cinco galerias de arte e oito teatros. Neste ano foram atendidos mais de 600 mil espectadores, especialmente trabalhadores da indústria, seus familiares e as comunidades das quais fazem parte.
Pegar recursos do Sistema para recompor rombo é no mínimo temerário. O que vai ser colocado no lugar? Quem vai fazer a qualificação tão necessária para que as indústrias possam ter competitividade internacional?
Além dos resultados que gera no ensino profissionalizante, o Senai tem forte atuação no campo da inovação e do desenvolvimento de tecnologia.
Nosso setor foi parceiro de primeira hora do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) Senai/Fiemg, um dos maiores do País, com oito institutos. Quem vai apoiar o setor produtivo para a inovação de novos produtos?
O novo governo precisa do apoio da sociedade – muito especialmente do apoio da indústria, em iniciativas destinadas a recolocar o País no rumo do crescimento sustentado. “Meter a faca no Sistema S” certamente não se inclui nesse rol de iniciativas.
- Presidente do Sindusfarq – Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos e Químicos para fins industriais de Minas Gerais
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