Economia

Tragédia em Brumadinho deixa ao menos 200 pessoas desaparecidas

Tragédia em Brumadinho deixa ao menos 200 pessoas desaparecidas
Cerca de 300 pessoas trabalhavam na Mina Feijão na hora do rompimento da barragem com capacidade para 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos - REUTERS/Washington Alves

Pouco mais de três anos depois do desastre com o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana (região Central), a história se repete. A barragem 1 da Mina Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), se rompeu na sexta-feira (25) e pode ter deixado ao menos cerca de 200 desaparecidos.

Em comunicado, a Vale lamentou o acidente e afirmou que “está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos”. Segundo a mineradora, havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos. Parte da comunidade da Vila Ferteco também foi atingida.

A Vale não confirmou a causa do acidente, mas afirmou que, no momento do rompimento, aproximadamente 300 pessoas estavam trabalhando na mina, entre empregados diretos e terceirizados. Segundo a mineradora, cerca de 100 pessoas já foram resgatadas com vida. “A prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados, próprios e terceiros, e das comunidades locais”, pontuou a companhia no comunicado.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que foi comunicada sobre o acidente oficialmente pela Vale às 13h37. Conforme o órgão ambiental, a Mina Feijão e a barragem estão devidamente licenciadas, sendo que, em dezembro de 2018, a mineradora obteve a licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e para o encerramento das atividades da mesma.

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Estabilidade – A Semad informou, ainda, que a barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida por auditoria, conforme laudo elaborado em agosto do ano passado. A barragem que rompeu também não estava na lista de 50 barragens sem garantias de estabilidade, divulgada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), no começo de 2018.

A barragem tinha capacidade para cerca 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos de mineração. Em termos comparativos, no desastre da barragem de Fundão, da Samarco, o volume era de aproximadamente 50 milhões de metros cúbicos. Apesar de o volume ser menor quando comparado ao da barragem de Fundão, que quando rompeu matou 19 pessoas, o número de vítimas pode ser bem maior ao que tudo indica. Segundo o Sindicato Metabase de Brumadinho, 620 funcionários diretos da Vale trabalham na Mina Feijão, fora os terceirizados.

O problema maior é que os rejeitos da barragem rompida chegaram em uma outra barragem, que também transbordou, e atingiu áreas com estruturas administrativas da companhia, incluindo o refeitório de funcionários, e parte da comunidade da Vila Ferteco. Segundo o Corpo de Bombeiros, o refeitório atingido pela lama tinha capacidade para 200 pessoas. A corporação confirmou que são pelo menos 200 desaparecidos.

Outro acidente envolvendo mineradoras no Estado foi o da Anglo American, quando, em março do ano passado, ocorreu um segundo vazamento no mineroduto do Sistema Minas-Rio, em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata. A companhia paralisou as operações para resolver o problema no duto também em março de 2018 e anunciou que estava pronta para retomar as atividades nos últimos dias do ano passado.

Os investidores também reagiram ao desastre envolvendo a barragem da Vale. As ações da empresa despencaram cerca de 10% na bolsa de Nova York, em dia de pregão fechado na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) em razão do feriado de sexta-feira na capital paulista.

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