Ações das construtoras entre as mais valorizadas

A combinação de diversos fatores macroeconômicos e setoriais tem elevado os papéis de construtoras listadas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) nos últimos meses. Entre os motivos, o ciclo de recuperação econômica do País, juros em patamares mais baixos, perspectiva favorável de recuperação da economia e de retomada dos níveis de emprego, além do aumento do número de lançamentos e vendas de imóveis.
A avaliação é de especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que acreditam que somente a reversão na agenda de aprovação das tão esperadas reformas estruturais brasileiras poderia atrapalhar esse movimento de recuperação do setor.
Para se ter uma ideia, o papel da mineira MRV Engenharia Participações S/A saiu de R$ 12,47 em outubro do ano passado, para R$ 15,32 ontem. Um salto de 22,85% entre os períodos. Da mesma maneira, as ações da Direcional Engenharia, sediada em Belo Horizonte, custavam R$ 6,85 no décimo mês de 2018 e hoje estão sendo negociadas a R$ 9,22. Aumento de 34,5%.
Já os papéis da construtora Gafisa saíram de R$ 11,62 no fim de outubro, para R$ 15,12, alta de 30,1%. A Cyrela, por sua vez, passou de R$ 8,9 para R$ 10,9. Crescimento de 22,47% nos três meses. E no caso da Even Construtora e Incorporadora, o aumento foi ainda maior, chegando a 49,6%, já que o valor era de R$ 4,51 e chegou a R$ 6,75 no fechamento do mercado ontem.
De acordo com a analista da Tendências Consultoria Samanta Imbimbo, o movimento se justifica pelo cenário de recuperação mais intensa a partir deste ano para o setor de construção no País. Tamanho otimismo, segundo ela, deve-se também pela retração vivida nos últimos anos, em função da crise econômica.
“O que baseia essa expectativa, principalmente no cenário macroeconômico, são as reformas estruturais, mas, além disso, outros pontos específicos da atividade de construção influenciarão a manutenção deste movimento, já que o setor é muito dependente da confiança tanto do empresário quanto do consumidor”, explicou.
Leia também:
Confiança do setor fica estável em janeiro
Selic e emprego – Entre os pontos, Samanta Imbimbo citou a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, patamar mais baixo da história, barateando o financiamento imobiliário, e a expectativa de recuperação do mercado de trabalho. “Juntos, esses quesitos fazem com que as pessoas comprem mais imóveis e os negócios das construtoras cresçam”, falou.
Já o analista da Necton, Álvaro Frasson, explicou que a expectativa positiva quanto às ações do setor de construção se devem à perspectiva de recuperação da economia e emprego, fatores que melhoram a demanda por imóveis, o que beneficiará as companhias. Ainda conforme ele, o número de lançamentos e vendas de unidades habitacionais por parte das construtoras também já indicam este movimento.
“Se houver a manutenção do otimismo e das condições do cenário macroeconômico e pontuais do setor, não há dúvidas de que ainda haverá espaço para crescer, dado o período que a economia ficou parada, em função da crise”, disse.
Além disso, Frasson lembrou que a aposta no setor industrial será uma tendência para 2019, dado que a recuperação lenta da economia dá a entender que o varejo e o comércio já iniciaram suas recomposições e, agora, é a vez do setor produtivo. “A combinação do ciclo econômico com os fatores particulares da atividade de construção será fundamental para confirmação e tendência deste movimento de alta dos papéis das construtoras. O único ponto falho possível é se as reformas essenciais prometidas pelo governo não forem efetivadas, afugentando o investidor estrangeiro do País”, concluiu.
Ouça a rádio de Minas