Folia renderá fôlego ao trade

A perspectiva de 4,6 milhões de foliões nas ruas de Belo Horizonte durante o período carnavalesco, que vai de 16 de fevereiro a 10 de março, de acordo com dados divulgados pela Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), deve trazer fôlego ao setor hoteleiro da Capital.
Em entrevista coletiva, concedida ontem (20), o presidente da Associação Mineira de Bares, Restaurantes, Lanchonetes (Amibar) e do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares de BH e região metropolitana (Sindhorb), Paulo Cesar Marcondes Pedrosa, revelou que mais de 100 hotéis da região Centro-Sul já estão com a lotação esgotada para os quatro dias de folia.
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Apesar da estimativa de ocupação geral acima de 80% esse sucesso não deve se refletir na recuperação do valor das diárias médias, consideradas as menores entre as capitais brasileiras desde 2015. De acordo com o levantamento, as diárias variam entre R$ 85 e R$ 300 para apartamentos simples e entre R$ 120 e R$ 400 para duplo/casal, dependendo da categoria escolhida.
“Essa ainda não é a hora de aumentar preços. É um momento para lotar os hotéis e conquistar hóspedes que podem voltar em outros períodos. Temos uma hotelaria renovada e de qualidade que pode atender hóspedes de todos os perfis. Vale uma boa pesquisa antes da contratação. Muitos hotéis oferecem serviços especiais durante o período e isso pode agregar valor à hospedagem”, explica Pedrosa.
O aumento na taxa de ocupação previsto é de 20% em relação ao período carnavalesco de 2018, o que deve se repetir na mesma proporção quanto ao faturamento. Na semana de Carnaval, entre 10 mil e 15 mil hóspedes deverão ocupar os leitos da hotelaria na cidade. Mais de mil vagas de trabalho temporário devem ser geradas no setor.
O cancelamento de carnavais tradicionais no interior do Estado e a tragédia que se abateu com o rompimento da barragem de rejeito da mina do Feijão, de responsabilidade da mineradora Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), devem influenciar o resultado do Carnaval da Capital. A retirada de moradores do distrito de São Sebastião das Águas Claras – conhecido como Macacos -, da cidade de Nova Lima, também na RMBH, deve afastar visitantes do local e gerar ocupação em Belo Horizonte. Cerca de 200 moradores foram evacuados no dia 16, pelo risco de barragens de rejeitos – de responsabilidade também da Vale – se romperem. Outras 75 pessoas, também de Nova Lima, próximas às barragens do Complexo Vargem Grande, e em Ouro Preto, perto da Mina de Fábrica, foram retiradas ontem (20).
“Mais de 300 cidades vão deixar de fazer o Carnaval esse ano e, em 2020, esse quadro deve piorar. Então Belo Horizonte tem lucrado com isso. Essa situação da mineração afasta as pessoas das cidades do interior. Apesar de Brumadinho estar apta a receber hóspedes, Inhotim estar aberto, mais de 80% das reservas foram canceladas. As notícias que saem falam de uma cidade enlameada. Lembre que até hoje temos que explicar que o centro histórico de Mariana (na região Central) não foi afetado pelo crime da Vale, em 2015. Não acredito em uma recuperação do turismo em Brumadinho em menos de dois anos. O mesmo vai acontecer com Nova Lima. Ninguém vai passear em uma cidade sob riscos, como está sendo noticiado”, lamenta o presidente do Sindhorb.
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