Engie mostra interesse em fatia da Cemig na Taesa

São Paulo – A elétrica francesa Engie está de olho em oportunidades de investimento e expansão em transmissão de energia no Brasil e poderia avaliar a aquisição de uma fatia na transmissora Taesa caso a estatal mineira Cemig decida deixar o negócio, no qual é sócia da colombiana Isa, disse ontem o CEO da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini.
“Não vejo problema, é um ativo que eu acredito que vindo a mercado a gente olharia. Óbvio, teria que ter uma conversa com a Isa, sobre como a gente operaria (o ativo), mas se fosse uma cogestão, algo que a gente possa contribuir, acho que seria bem-vindo”, afirmou ele a jornalistas, após participar de encontro com investidores em São Paulo.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou, no início de janeiro, que a Cemig poderia vender sua participação na Taesa, uma vez que uma operação como essa não exigiria aval prévio do legislativo estadual, como seria necessário no caso de uma privatização da própria Cemig.
Risco hidrológico – A demora do Congresso Nacional em deliberar sobre projeto de lei que visa a encerrar uma disputa judicial relacionada ao chamado “risco hidrológico” no setor de energia é motivo de preocupação para investidores, disse também ontem o CEO da Engie Brasil Energia.
A matéria, que aguarda votação na Câmara, é vista pelo ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, como uma das prioridades da pasta – ele chegou a dizer que previa a aprovação do texto nos primeiros 30 dias do ano legislativo, iniciado em fevereiro.
Antes, o governo Temer também havia tentado aprovar proposta semelhante, mas viu a tentativa ser barrada pelo Senado, que rejeitou, em outubro passado, um projeto que viabilizaria um acordo para encerrar a briga sobre o risco hídrico.
“Essa solução tem que vir, é uma irresponsabilidade do Congresso não votar essa matéria com a urgência necessária. O governo está disposto, o (governo) anterior também já havia entendido a situação crítica que é isso, e a gente não tem uma receptividade, uma agilidade por parte do Congresso”, destacou Sattamini a jornalistas.
A disputa nos tribunais começou com elétricas conseguindo liminares para evitar custos com o risco hídrico – gerados quando hidrelétricas produzem abaixo do previsto por questões como o baixo nível dos reservatórios e precisam comprar energia no mercado para cumprir contratos.
A proposta do projeto de lei é compensar parcialmente esses custos por meio da prorrogação dos contratos de concessão de hidrelétricas das empresas, mas desde que elas retirem suas ações judiciais que hoje travam o mercado.
Com as liminares obtidas por elétricas, as últimas liquidações financeiras do mercado de curto prazo de energia promovidas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) têm registrado valores em aberto de cerca de R$ 7 bilhões.
Os valores não pagos na operação, que promove acertos financeiros entre empresas do mercado de energia, têm feito com que agentes que não foram à Justiça recebam menos de 3% dos créditos a que teriam direito na CCEE.
“Você tem um direito de receber R$ 100 (por exemplo) e recebe 3% disso. É inviável viver em um ambiente desses”, afirmou Sattamini. “Se (a proposta) não for aprovada, a gente tem um risco de colapso no mercado de curto prazo”.
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