Bolsonaro libera R$ 1 bilhão em emendas

Brasília e Rio – O governo do presidente Jair Bolsonaro liberou o pagamento de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares, disse o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), no que foi visto como um agrado a deputados que vão analisar em breve o projeto de reforma da Previdência enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional.
“Hoje foi liberado o recurso, deve ter sido liberado dentro dos ministérios e vai chegar para os beneficiários a partir da semana que vem ou da outra semana”, disse o líder a repórteres na noite de segunda-feira. “Atende praticamente todos os partidos, inclusive da oposição.”
De acordo com Vitor Hugo, levantamento do governo mostrou que havia R$ 3 bilhões em emendas impositivas que não haviam sido pagas desde 2014, mas apenas parte delas — que representa cerca de R$ 1 bilhão de reais — cumpria todos os requisitos para liberação.
O líder do governo disse que foram pagas emendas individuais que somam pouco mais de R$ 700 milhões e emendas de bancada com valores que somam pouco menos de 300 milhões, o que abarca “quase todos os Estados”.
A liberação de emendas é uma das formas tradicionais de negociação do Executivo com o Congresso. Bolsonaro, no entanto, negou que o pagamento tenha qualquer ligação com as negociações pela aprovação da reforma da Previdência.
“Informo que não há verbas sendo liberadas para aprovação da Nova Previdência como veículos de informação vem divulgando”, disse o presidente no Twitter.
“Seguimos o rito constitucional e obrigatório do Orçamento Impositivo, onde é obrigatório a liberação anual de emendas parlamentares”, acrescentou.
Após negar pelo Twitter que o governo estaria negociando a liberação de emendas como parte da negociação para aprovar a reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro confirmou que os recursos, para emendas impositivas, serão liberados. Ressalvou, no entanto, que não há “negociações no nível que existia no passado”.
“Vamos liberar as emendas impositivas, não temos como fugir delas, temos que pagá-las, porque são impositivas. Não tem negociações, no nível que existia no passado, não existirão no meu governo”, garantiu em entrevista no Palácio do Planalto, durante a visita do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez.
Na mesma linha, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), argumentou que a liberação das emendas é algo previsto na lei orçamentária, ainda que esses recursos estivessem represados desde 2014.
“A execução orçamentária não é questão de toma lá, dá cá, é questão de cumprimento da lei orçamentária aprovada pelo Legislativo e sancionada pela Presidência da República”, disse o deputado.
Depois, em nova entrevista, dessa vez no Itamaraty, o presidente da República mostrou algum ceticismo sobre a aprovação da reforma da Previdência ainda no primeiro semestre, como pretende a equipe econômica.
“Por vezes as coisas no Congresso podem ser um pouco demoradas”, disse. “Mas dessa vez vai ter a agilidade que a matéria merece. Os meus colegas parlamentares vão colaborar.”
Bolsonaro disse ainda que está colaborando na articulação com o Congresso e irá ter novas reuniões com líderes e vice-líderes nos próximos dias sobre a reforma.
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Ministros – O presidente comentou ainda os problemas mais recentes dos seus ministros. Chegou a brincar, dizendo que tem cinco filhos e que, se entre eles já há problemas, “imagina com 22 ministros”.
Sobre a crise no Ministério da Educação, em que uma disputa entre técnicos, militares e indicados pelo escritor Olavo de Carvalho levou à demissão de seis pessoas. Bolsonaro minimizou e confirmou que o ministro Ricardo Vélez fica no cargo.
“Teve um probleminha com o primeiro homem dele (o secretário-executivo Luiz Tozi) mas já está resolvido”, garantiu.
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