Economia

Leilão supera expectativas e governo levanta R$ 2,37 bi com concessões

São Paulo – A espanhola Aena marcou em grande estilo sua entrada no mercado aeroportuário brasileiro, ao vencer, na sexta-feira (15), uma acirrada disputa pela concessão de um cobiçado lote de aeroportos no Nordeste do País, certame também percebido como mostra do apetite internacional por um ambicioso plano de privatizações do governo de Jair Bolsonaro.

Com uma oferta de R$ 1,9 bilhão, ágio de 1010% sobre o valor mínimo fixado para outorga, a Aena foi declarada vencedora após 19 lances no leilão viva-voz. O grupo espanhol obteve com isso o direito de administrar os aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), Aracaju (SE), Campina Grande (PB) e Juazeiro do Norte (CE) por 30 anos.

Batida pela Aena na disputa pelos terminais do Nordeste, a Zurich venceu o lote Sudeste, com oferta de R$ 437 milhões. E o lote Centro-Oeste foi arrematado pelo consórcio Aeroeste, formado pelos grupos Socicam e Sinart, que ofereceram R$ 40 milhões.

No conjunto, o governo federal levantou R$ 2,377 bilhões com o pagamento imediato da outorga mínima, um ágio de 986% em relação ao valor mínimo fixado para o leilão.

Representantes do governo e instituições financeiras viram o resultado como mostra de confiança de investidores na retomada da economia e um indício que a concorrência por outros ativos na sequência também será forte. “O Brasil voltou para o jogo do investimento internacional”, disse a jornalistas o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, logo após o leilão.

Executivos frisaram, além do ágio, a participação de outros investidores, nove ao todo, alguns pela primeira vez, o que desfez o temor de que o modelo de “filé com osso”, de lotes com ativos com alto e pouco interesse econômico, espantasse os lances.

Além da própria Aena, entraram no leilão o Patria Investimentos e o grupo alemão PSP/AviAlliance por meio do consórcio Região Nordeste; a francesa ADP, que administra o aeroporto de Paris; além dos já conhecidos Vinci, Fraport e Socicam/Sinart, que arrematou o lote Centro-Oeste.

“O governo federal também foi vencedor, pois o leilão atraiu taxas de concessão relativamente altas de grupos tradicionais que já atuam no Brasil e de recém-chegados”, afirmou o BTG Pactual em nota a clientes.

Além da outorga mínima, o governo estima investimentos totais de R$ 1,5 bilhão nos terminais nos próximos cinco anos e de R$ 3,5 bilhões durante a concessão de 30 anos. Em conjunto, os aeroportos leiloados respondem por 9,5% do mercado doméstico.

O certame pode de fato dar bons presságios ao governo para vendas e concessões de ativos nos próximos anos. Só em aeroportos, serão duas novas rodadas para transferir 36 terminais para o setor privado entre 2020 e 2022.

A primeira delas será aberta na segunda-feira (18), para culminar no leilão no segundo semestre do ano que vem, disse o secretário Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Adalberto Vasconcelos.

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