EDITORIAL | Uma questão de vontade

Uma história antiga, bastante antiga, traduzindo décadas de omissão do poder público, de indiferença mesmo diante do contínuo e elevado número de acidentes.
Estamos lembrando o Anel Rodoviário de Belo Horizonte, que recebeu este nome pomposo, mas na realidade sequer chega a ser um anel de contorno, do envelhecimento de seu traçado, do contínuo aumento do tráfego e de promessas que só são lembradas a cada período eleitoral.
Uma obra envelhecida e desgastada, incapaz de cumprir seu papel como elemento de interligação da malha rodoviária que corta a região metropolitana, incapaz também de absorver o tráfego de veículos leves, que deixou de ser rodovia e também não assumiu as características próprias de uma via urbana de grande movimento.
São pelo menos trinta anos de promessas, polêmicas e recuos que alguns paliativos tentam, sem sucesso, disfarçar, num quadro tão grave que nem mesmo as responsabilidades pelo trecho de pouco menos de vinte quilômetros são claramente definidas.
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Não se fala mais em duplicação do Anel, obra que a estas alturas era para estar concluída e em operação, não se fala mais na prometida revitalização, entendida como melhorias em trechos críticos para melhorar a fluidez e ao mesmo tempo eliminar os pontos negros onde são mais frequentes os acidentes.
Faltam recursos, é certo, mas falta, sobretudo, vontade, compromisso que deveria ser elementar para os gestores públicos. Não se fala do Anel, não se fala da chamada Alça Sul e menos ainda do dito Anel de Contorno Norte.
E tudo isso como se ninguém se desse conta também do aumento permanente da frota, sem que à mobilidade urbana que afeta todos os aspectos da vida, com reflexos muito nocivos também na economia, seja dedicado tratamento minimamente consistente.
Para a frente, enquanto no mundo fala-se em veículos autônomos e expansão do transporte de massa, só se pode esperar o pior.
E se o definitivo não está ao alcance, que se pense pelo menos no possível, na emergência, nos riscos representados pelos sete quilômetros de descida, no sentido Vitória e a partir do entroncamento com a BR-356, trecho em que são mais frequentes – e graves – os acidentes.
Estamos falando, conforme propõem as modernas técnicas de engenharia rodoviária, da construção de áreas de escape e, mais, lembrando que a Prefeitura de Belo Horizonte acaba de se oferecer para custear essas obras, mesmo que o trecho esteja sendo operado em regime de concessão. De mais urgente, dizem especialistas, é o que pode ser feito, é o recomendável.
Falta saber se dessa vez será possível vencer a burocracia e o desinteresse, não para resolver mas pelo menos para minorar os problemas críticos do esquecido Anel Rodoviário de Belo Horizonte.
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