MG tem 1,5 mil empresas de ‘alto crescimento’

Ser uma empresa de alto crescimento (EAC) em qualquer lugar do mundo não é uma tarefa fácil. No Brasil da última década, a missão se tornou praticamente impossível. Minas Gerais, porém, tem enfrentado o desafio, apesar de ter uma economia ainda baseada em commodities.
A Cátedra Insper-Endeavor, em parceria com a Neoway, uma das maiores empresas brasileiras de Big Data Analytics e tecnologia aplicada a negócios, realizou uma análise sobre o cenário das empresas de alto crescimento persistente no Brasil. O estudo teve como base o conhecimento gerado a partir da plataforma da Neoway.
O levantamento aponta que o grupo de empresas de alto crescimento persistente não é homogêneo. A divisão pode ser feita em três aglomerados principais.
O primeiro, e maior, é composto por 10.121 empresas que cresceram, em média, 106% durante o período analisado. O segundo, representado por 4.927 empresas, apresenta uma taxa de 210%. Por fim, há ainda o de maior crescimento, em porcentagem, 930%, que é representado por outras 1.094 empresas.
No geral, Minas Gerais acompanha os resultados nacionais. No primeiro grupo são 1.027 empresas, o que corresponde a 10,14% do total, número compatível com o que representa a economia mineira para o PIB Nacional. Nessa faixa o crescimento médio foi idêntico ao ocorrido no País: 106%.
No segundo grupo são 436 empresas, 8,85%, com crescimento abaixo da média nacional, ficando em 204%. E, por fim, no último grupo, onde o Estado tem 81 empresas do total de 1.094, a média de crescimento mineira é surpreendente, sendo 336 pontos percentuais acima da média nacional, fechando o período com 1.266% de crescimento.
Os critérios para ser considerada uma EAC, preconizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), instituição internacional que promove políticas de desenvolvimento econômico e social ao redor do mundo, são bastante rígidos.
Para ser considerada uma EAC a organização precisa ter, pelo menos, 10 colaboradores e apresentar um crescimento de, no mínimo, 20% ao ano por três anos consecutivos. As EACs persistentes, por sua vez, são aquelas que apresentam crescimento contínuo em um dado período.
De acordo com o professor de empreendedorismo do Insper, Guilherme Fowler, o Estado tem alguns polos de empresas de base tecnológica importantes e isso faz com que o desenvolvimento se espalhe para além dos limites dos próprios polos.
“Cidades como Belo Horizonte, Uberlândia (Triângulo) e Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), entre outras, são grandes polos organizados de desenvolvimento e isso tem um efeito muito interessante. Uma empresa que cresce de maneira acelerada acaba influenciando toda a região, gerando uma onda positiva em que muitos passam a crescer acima da média. Mas vale entender que ser uma empresa de base tecnológica não é condição para ter alto crescimento. Temos empresas de todos os setores nessa lista. O que elas têm em comum é o alto investimento em capital humano”, explica Fowler.
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Influenciadores – Mas nem tudo são flores. Fatores nacionais têm puxado a média para baixo. Além da recessão, o emaranhado de regras que formam a legislação, a alta carga tributária, a logística complicada e o ambiente de negócios pouco amigável, entre outros fatores, fazem com que as empresas brasileiras tenham muita dificuldade para manter o ritmo de crescimento acelerado.
O COO da Neoway, Carlos Monguilhott, a própria empresa é uma EAC, tendo crescido cerca de 50% a cada ano nos últimos cinco anos. As perspectivas para 2019 são ainda melhores. Por meio de aquisições e parcerias estratégicas, a expectativa para esse ano é crescer cerca de 75%, ampliando a atuação no mercado brasileiro, europeu e nos Estados Unidos.
Para ele, as EACs têm papel fundamental na dinamização da economia brasileira, e especialmente mineira, ainda muito dependente da exportação de commodities.
“O desenvolvimento de soluções tecnológicas pode contribuir bastante para iniciar a mudança desse cenário. O potencial das empresas brasileiras é enorme. De certa forma, o crescimento das EACs, mesmo em um período economicamente desfavorável, corrobora com essa característica. Os mercados internacionais, entretanto, apresentam características próprias, grande nível de competitividade e são altamente regulamentados. Para atuar fora do Brasil, seja com serviços ou produtos, as empresas necessariamente precisam estar adequadas às essas exigências/condições. A presença cada vez maior de empresas, produtos e serviços brasileiros em mercados internacionais é interessante em diversos aspectos e certamente é capaz de fortalecer a nossa economia”, pontua Monguilhott.
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