Mineração tem queda de 64% no faturamento em MG

Levantamentos sobre o desempenho da indústria em Minas continuam mostrando os impactos negativos da paralisação parcial da mineração ocorrida no Estado após a tragédia da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Conforme o Index divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o faturamento da indústria extrativa mineral caiu 64% em fevereiro na comparação com igual mês do ano passado, o que levou a uma queda de 0,3% nos resultados da indústria geral. Nessa mesma comparação, a indústria de transformação apresentou alta de 6% no faturamento.
Gerente de economia da Fiemg, Daniela Britto informou que, devido ao resultado negativo, a instituição irá revisar a estimativa da produção industrial para 2019 em Minas. A expectativa era que o setor registrasse alta de 5%, puxado principalmente pela indústria extrativista, cuja expectativa de alta era de 9,5%. A projeção para o setor de transformação era de aumento de 3,9%.
“Isso não vai se confirmar. A Fiemg está revisando para baixo as projeções da indústria para o ano”, disse.
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Os novos índices devem ser divulgados nos próximos dias. Ela reforça o papel primordial da atividade para a economia mineira, pois a indústria extrativa representa 25% da produção industrial do Estado. De acordo com o Index, o ritmo de crescimento industrial de Minas está diretamente ligado à duração e à abrangência da paralisação parcial da mineração.
No acumulado do ano, a indústria geral mineira registrou retração de 3% no faturamento, também influenciada pela queda da mineração, já que o setor extrativista mineral caiu 56,2% no acumulado de janeiro a fevereiro em relação a igual período de 2018. O setor de transformação subiu 2,4%.
Já no comparativo mensal – fevereiro 2019/janeiro 2019 –, a indústria geral teve retração de 0,4%, enquanto a indústria extrativista mineral mostrou queda de 36%. O setor de transformação conseguiu resultado positivo de 1,7%.
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Empregos – Na indústria geral, a queda quanto a horas trabalhadas na produção foi de 1,9% em fevereiro na relação com janeiro. Já no comparativo fevereiro 2019/fevereiro 2018, a queda foi de 0,3%. O emprego registrou leve alta de 0,1% na comparação mensal (fevereiro/janeiro) e também na anual (fevereiro 2019/fevereiro 2018).
A massa salarial real caiu 1% na passagem de janeiro para fevereiro, com retração de 4,6% no comparativo fevereiro 2019/fevereiro 2018. O rendimento médio teve queda de 1% na relação mensal e mostrou retração de 4,7% no comparativo de fevereiro deste ano com igual mês do ano passado. A utilização da capacidade instalada foi de 78,8% em fevereiro, enquanto em janeiro era de 80%.
“Os indicadores de emprego, massa salarial e rendimento médio há muitos meses mostram resultados negativos ou próximos de zero. O indicador que vinha com tendência de alta era o faturamento, mas em função da retração da atividade extrativa há tendência de se reverter esse crescimento”, diz Daniela Britto.
Ela alerta que o impacto da queda muito forte da indústria extrativa também é indireto, sendo esperado que setores fornecedores de serviços e produtos para as mineradoras venham a ter o faturamento influenciado negativamente.
Há preocupação também com segmentos que dependem do insumo da mineração, como a siderurgia e metalurgia. Nesse caso, podem ser impactadas indústrias de máquinas e equipamentos e da construção.
“São setores que também devem apresentar retração nas horas trabalhadas e de faturamento em função do aumento de custos e até carência de insumos”, diz.
A tragédia da Vale – que causou ao menos 217 mortes e deixou 84 desaparecidos – se somou ao cenário econômico já complicado. Segundo Daniela Britto, os investimentos estão paralisados devido ao alto nível de incerteza gerado pela condução das reformas, como a da Previdência, consideradas primordiais para o equilíbrio fiscal do Estado e do País.
“A indústria geral não esboça recuperação no Brasil e nem em Minas por questões de demanda contida e de cenário econômico”, diz.
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