Economia

Gestão de risco deve ser priorizada em Brumadinho

Gestão de risco deve ser priorizada em Brumadinho
Créditos: CBMMG

Ao mesmo tempo em que a paralisação parcial da atividade de mineração em Minas Gerais desde o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), ocorrida em janeiro, traz prejuízos bilionários à economia mineira e impactos a toda cadeia industrial do Estado, também coloca em pauta a importância da adoção de práticas de gestão de risco por parte das empresas.

Foi essa a reflexão proposta pelo economista do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Sérgio Luís Guerra, durante o primeiro almoço-palestra da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE Minas Gerais) de 2019, na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Durante o encontro, o economista apresentou os números preocupantes decorrentes da baixa na produção mineira do insumo siderúrgico, a partir das decisões da Justiça sobre as operações da Vale, que suspendeu a atividade da mineradora em diversas minas do Estado.

Estudo divulgado recentemente pela Fiemg mostra que a redução da atividade gerada pelo rompimento da barragem pode levar Minas a ter uma perda no Produto Interno Bruto (PIB) de 4% neste ano.

Além disso, a queda no faturamento na indústria de minério de ferro e de seus fornecedores pode variar de R$ 21,7 bilhões a R$ 35 bilhões, com retração na produção de até 130 milhões de toneladas, o que corresponde a cerca de 70% do produzido atualmente, que é de 186 milhões de toneladas/ano. Já a perda de postos de trabalho no segmento pode atingir 815 mil.

De acordo com Guerra, os números indicam não somente os impactos em produção, faturamento e PIB de Minas, mas também a necessidade de mudanças na postura da sociedade e das empresas para lidar com o futuro e com os momentos de crise.

Educação – Para isso, citou alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. A começar pela educação.

“Precisamos perceber a mudança nos paradigmas da nossa sociedade, as exigências do mundo moderno, assim como suas adequações. Vivemos em uma era em que cada vez mais as pessoas precisam ser treinadas e retreinadas ao longo da vida profissional. É preciso iniciar essa adaptação já na pré-educação das crianças”, avaliou.

Para ele, levar iniciativas inovadoras às escolas dos municípios mineradores seria uma opção e a as próprias empresas poderiam incentivar este movimento, cumprindo o ODS de número 4, que fala sobre assegurar a educação inclusiva de qualidade.

Da mesma maneira, o especialista alertou para a maior conscientização de pessoas e empresas em relação aos processos de gestão de riscos, principalmente no caso da indústria e, mais especificamente, da mineração, onde o risco é eminente.

Ao citar os ODS de números 8, 9, 11, 12 e 16 que abordam o crescimento econômico, inovação e infraestrutura, cidades e comunidades sustentáveis, produção e consumo sustentáveis e paz e justiça, ele destacou que a nossa sociedade não estimula a gestão responsável e ética de riscos no País. E chamou atenção para a necessidade da mudança.

“Se quisermos um comportamento mais prudente por parte das empresas, precisaremos implementar as mudanças a partir das pessoas e das instituições”, frisou.

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