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Fiemg defende permanência da Mercedes em MG

Fiemg defende permanência da Mercedes em MG
Créditos: MERCEDES BENZ DIVULGAÇÃO

A transferência de parte das atividades da montadora Mercedes-Benz de Juiz de Fora para São Paulo e Espírito Santo foi debatida durante uma Audiência Pública realizada na Câmara Municipal da cidade na segunda-feira (15).

A reunião aconteceu a pedido da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), conforme solicitação dos deputados Celinho Sintrocel (que preside a Comissão, mas não pôde comparecer), Betão e Coronel Henrique.

Empregados da montadora e lideranças sindicais e políticas da região lotaram o auditório da Câmara Municipal, preocupados com a possível demissão de cerca de 800 trabalhadores caso a empresa, como já anunciou, venha a transferir algumas de suas atividades.

Devido a vantagens oferecidas por outros estados, o planejamento da empresa é passar para o porto de Vitória (ES) o desembaraço aduaneiro da Sprinter, van importada da Argentina e nacionalizada atualmente no Porto Seco de Juiz de Fora. A direção da empresa confirmou também que a montagem do caminhão Actros vai mudar para São Bernardo do Campo (SP).

O presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Aurélio Marangon Sobrinho, participou da audiência e se manifestou na Tribuna, defendendo a permanência da Mercedes-Benz em Juiz de Fora, o que evitaria a perda de centenas de empregos diretos e indiretos.

“Além disso, nossa preocupação também se refere ao impacto causado pela queda da arrecadação para o Estado e o município, pois consideramos de extrema importância a manutenção das atividades da montadora para a economia e o desenvolvimento da cidade. Desta forma, a Fiemg fará todo possível para lutar pela permanência da Mercedes, articulando inclusive junto ao governo estadual e federal, em favor da continuidade de todas as atividades da indústria no município”, declarou.

Segundo o deputado Betão, que presidiu a audiência, a saída da Mercedes de Juiz de Fora poderá desarticular a economia da região, onde já está instalada há 20 anos, atraída por benefícios como isenção de impostos, doação de terreno e investimentos em obras de infraestrutura.

“A empresa emprega, atualmente, 1.150 pessoas, inclusive mulheres, e é fundamental que trabalhadores, governo e políticos assumam o compromisso de fazer uma ampla discussão pelo fim da guerra fiscal que tem levado as empresas a se evadirem de um estado para outro em busca de vantagens.

O deputado Coronel Henrique afirmou que “a cidade se confunde com a empresa em termos de geração de empregos diretos e indiretos” e não pode correr o risco de perder um investimento de tantos anos.

“O papel do Legislativo estadual é estar presente e atento às demandas da população”, destacou.

O diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Mercedes-Benz, Luís Carlos Gomes de Moraes, disse que a montadora tem “a melhor e mais moderna fábrica de cabines de caminhões da América Latina”, mas não negou que é intenção da empresa transferir atividades para São Bernardo do Campo e Vitória.

O executivo alegou que a multinacional investiu mais de R$ 2,4 bilhões, entre 2010 e 2015, e, mesmo com a crise, em 2016, continuou apostando no mercado brasileiro e na fábrica da cidade mineira, a maior da empresa fora da Alemanha.

“Mas agora precisamos buscar eficiência para continuar exportando e sermos mais competitivos”, disse.

Ricardo Miranda, subsecretário de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Estado de Governo, afirmou que o governador Romeu Zema iniciou, em março, uma interlocução com governadores do Sul e Sudeste para tentar unificar o discurso com relação à disputa fiscal e buscar um projeto de simplificação de impostos.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região, João César da Silva, reivindicou que a empresa dialogue com os funcionários e aceite negociar um acordo de manutenção dos empregos por 24 meses.

Ele lamentou ainda que todos os anos os trabalhadores da montadora vivam momentos de intranquilidade com ameaças de cortes e mudanças. Já o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, também manifestou a mesma preocupação “num universo de crise e de grande número de desempregados que o País está vivendo”.

Da audiência foram retiradas algumas propostas de requerimentos que serão votadas na próxima reunião da Comissão em Belo Horizonte. Entre eles pedido de providências para a direção da Mercedes não demitir os trabalhadores no prazo de 24 meses.

Também pedem a solicitação de visita da Comissão, Sindicato e vereadores à planta da empresa para conhecimento. Ao secretário da Fazenda de Minas Gerais será feito pedido de informação sobre a situação do Porto Seco em Juiz de Fora. E à prefeitura, sobre os benefícios e acordos firmados desde 1996 com a empresa por meio de planilhas, as vantagens concedidas e formas de contratação.

A Mercedes está em Juiz de Fora há 20 anos. De acordo com o sindicato, atualmente a unidade emprega 1.130 trabalhadores, sendo que cerca de 500 deles são mulheres e muitos são jovens abaixo dos 30 anos.

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