Da história, leu e nāo compreendeu

STEFAN SALEJ *
Os debates que vão afetar a nossa vida, hoje e amanhã, e a de nossos filhos e netos, estão em curso. Para começar, o debate sobre a Previdência. O projeto está sendo debatido no Congresso pelos ilustres deputados e os responsáveis pelo projeto na área econômica do governo, começando pelo próprio ministro da Economia.
Debatem e debatem e explicam e explicam. Mas, você entendeu? Você sabe como isso vai afetar a vida da sua família, dos seus filhos, dos seus funcionários? Tem certeza que você entendeu a mudança?
Porque, que tem que fazer essa reforma, disso todos já estamos convencidos. Nos convenceram de que se não fizerem a reforma, não temos futuro. E que as distorções que existem não podem mais existir. Mas, as que estão existindo no Judiciário, em polícias militares do estados e entre os parlamentares, essas sim continuam para os que as têm e só vão mudar no futuro. E esse trilhão que tem que economizar? Quanto dele vai do seu bolso ou do bolso daquele que tem uma aposentadoria hoje de R$ 200 mil?
No fundo, o que estão propondo é uma mudança de modelo de contribuição, que não afeta só as aposentadorias, mas afeta todo o sistema econômico. Porque com o novo sistema os recursos arrecadados serão investidos pelos fundos de investimentos nas atividades produtivas. Ou seja, vão investir onde terá mais rendimento.
Aí, se a competitividade da economia como um todo, o chamado custo Brasil, não for estimulada, vai investir onde? Em especulação e não em produção, como tem acontecido até hoje como os grandes fundos de previdência privada.
Veja como quebraram nos governos do PT os fundos de previdência do Banco do Brasil e dos Correios. Então, saber nesta reforma como serão geridos esses recursos, por quem e sob que regras, é absolutamente fundamental.
Fazer reforma de Previdência é um dos passos de reformar toda a economia, mas ela tem que ser acompanhada por outras reformas como a tributária, do judiciário e também a política. E claro, por um projeto de reestruturação da infraestrutura e educação do País.
O processo tem que ter início, meio e fim. E tem que estar claro aonde chegamos e quando. Os próprios deputados debatem muito em Brasília, aliás, como sempre, concorrendo com o STF em espetáculos quase que grotescos na TV, mas pouco preocupados com seus eleitores.
E está difícil de entender o linguajar quase que debochado dos superministros e secretários dizendo que tudo está claro e quem não entendeu, lamento, não entendeu a sabedoria divina deles.
Se os deputados e senadores ficarem discutindo só em Brasília, em um debate sem plano de mudanças econômicas, e não basta dizer cinco slogans de credo liberal, as medidas, mesmo que aprovadas, não terão legitimidade na implementação. E aí corremos o risco de mudanças mal feitas e não concluídas, que podem levar a um desastre argentino.
*Ex-presidente do Sebrae Minas e da Fiemg; vice-presidente do Conselho do Comércio Exterior da Fiesp; coordenador adjunto do Grupo de Acompanhamento da Conjuntura Internacional da USP (Gacint)
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