Comissão vai desenvolver a produção de cachaça

Patrimônio Cultural de Minas Gerais, a Cachaça Artesanal de Alambique ainda enfrenta vários gargalos que impedem o avanço da produção e da regulamentação dos alambiques. Com grande importância econômica e social, a produção da bebida passa por problemas com a alta tributação e com a legislação considerada obsoleta.
Para buscar solução para os empecilhos e alavancar o setor em Minas Gerais, foi criada, no fim do ano passado, uma comissão exclusiva para o setor. Desde então, foram levantados os principais desafios e estabelecidas prioridades para o desenvolvimento da atividade.
De acordo com o superintendente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Altino Rodrigues Neto, a Comissão de Cachaça Artesanal, que é da Faemg, pretende buscar formas de solucionar os gargalos, promover a bebida e estimular as pesquisas para o setor.
A ideia é que o funcionamento da comissão siga os mesmos moldes da Comissão do Queijo Minas Artesanal, que conquistou vários avanços em relação à pesquisa, promoção e valorização.
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A primeira frente de trabalho será voltada para a legislação da cachaça artesanal de alambique. Ainda para este mês, está prevista uma reunião para discutir o assunto.
“Estabelecemos como principal ação e missão inicial da comissão a criação de uma legislação ou a revisão da legislação atual, que consideramos antiga e não atende a demanda atual do setor. Nossa ideia, a exemplo do que foi feito no Queijo Minas, é fazer um grupo de trabalho com pessoas especializadas e criar uma legislação nova, que venha atender o momento atual. É preciso fazer esse trabalho, principalmente, pela importância que a cachaça artesanal de alambique tem na cultura e na economia mineira”, destacou Altino Neto.
Ainda segundo Altino, outro objetivo da comissão é estreitar o relacionamento com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), que, desde o ano passado, após delegação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), passou a fiscalizar e inspecionar estabelecimentos que produzem e comercializam cachaça em todo o Estado.
“Queremos trabalhar junto com o IMA, assim como foi feito com o Queijo Minas Artesanal. Ainda este mês, pretendemos nos reunir com os responsáveis do instituto para buscar uma solução para a legislação da cachaça artesanal. No caso do queijo, por exemplo, foram criados alguns parâmetros que permitem um registro provisório. Vamos ver, junto ao IMA, se é possível estabelecer parâmetros para que os produtores iniciem o processo de legalização. Claro que sem abrir mão da qualidade e da segurança para o consumidor. Queremos uma maneira de trabalhar educativamente com os produtores”, disse Neto.
Aproximação com universidades – Além dessas iniciativas, com os trabalhos a serem desenvolvidos, a expectativa também é de despertar o interesse de pesquisadores que possam desenvolver estudos que promovam a melhoria da qualidade da cachaça. A realização de pesquisas e estudos também é considerada fundamental para promover, de forma segura, possíveis modificações na legislação.
“A gente percebe que, quando tem trabalho organizado, a academia entra fazendo pesquisas. Exemplo disso é o Queijo Minas, que não tinha estudos até a organização do setor. Hoje são várias instituições e pesquisas envolvendo o queijo”.
De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Minas Gerais produz 60% da cachaça artesanal do País, o equivalente a cerca de 250 milhões de litros por ano. Ao todo, o Estado possui 7,5 mil alambiques, sendo que mais de 80% estão na clandestinidade em função da alta carga tributária e da legislação inadequada.
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