Faturamento da indústria de MG volta a crescer após duas quedas

Depois de duas quedas consecutivas em janeiro e fevereiro, o faturamento da indústria geral volta a crescer. De acordo com a pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais (Index), divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o crescimento no faturamento em março foi de 2,4% em relação a fevereiro. O avanço é justificado pelo crescimento de 75,7% na indústria extrativa, que vinha de um cenário de queda.
Outros índices como emprego, massa salarial e rendimento médio mensal também foram positivos. Já os índices de utilização de capacidade instalada (UCI) e de horas trabalhadas na produção recuaram, o que aponta que a indústria ainda vive momento de incerteza.
De acordo com a analista de estudos econômicos da Fiemg, Júlia Silper, o crescimento do faturamento da indústria em março pode ser explicado pelo avanço das exportações da indústria extrativa por conta da valorização do dólar e do aumento da cotação do minério de ferro no mercado internacional.
“O fato de a Vale estar parcialmente paralisada e ter deixado de ofertar no mercado também pode justificar a valorização da commodity, tendo em vista que a demanda continuou a mesma, mas a oferta diminuiu”, comenta.
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Mas a analista frisa que o expressivo crescimento de 75,7% na indústria extrativa também tem a ver com a base de comparação anterior, que estava muito depreciada. Sendo assim, o resultado não aponta para uma retomada do setor extrativo mineral. Prova disso é que, quando comparado com março do ano anterior, o faturamento de março de 2019 representa uma queda de 9,2%.
“A indústria ainda se comporta de forma apática: o mercado está esperando a aprovação das reformas e adiando grandes decisões de investimento”, avalia.
O emprego da indústria geral cresceu 0,5% em março frente a fevereiro. O aumento foi explicado por igual avanço na indústria de transformação, enquanto na extrativa houve queda de 0,5%. O índice influenciou também o crescimento da massa salarial, que avançou 0,7% em março, em relação a fevereiro, e no rendimento médio real, que cresceu 0,5% nessa mesma base de comparação.
Por outro lado, as horas trabalhadas na produção da indústria geral recuaram 1,6% em março em relação ao mês anterior. Esse é o segundo mês consecutivo de queda e o recuo mais intenso para março em cinco anos.
“Esse índice mede as horas de trabalho da produção, ou seja, é um termômetro da atividade produtiva. A queda pode ser explicada pela paralisação parcial da indústria extrativa e pela não reação da indústria de transformação”, explica a analista.
UCI – Também recuou o índice de UCI da indústria geral, que em março marcou 77%. A queda foi de 1,7 ponto percentual em relação ao mês anterior.
“A utilização de capacidade instalada está diretamente ligada à indústria extrativa. Se essa atividade não está produzindo como antes, então está subutilizada”, detalha.
Para a analista, embora o Index de março traga alguns resultados mais positivos que os anteriores, trata-se de melhoras ainda muito pequenas para refletir na UCI e também na perspectiva de retomada da economia.
País tem queda de 6,3% em março
O faturamento da indústria brasileira caiu 6,3%, as horas trabalhadas na produção diminuíram 1,5% e a utilização da capacidade instalada recuou 0,9 ponto percentual em março frente a fevereiro na série livre de influências sazonais, informam os Indicadores Industriais divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os dados mostram que o setor enfrenta dificuldades para se recuperar da crise.
“Desde a greve dos caminhoneiros, o setor não consegue engrenar uma sequência de bons resultados”, diz a pesquisa.
“Três problemas impedem a recuperação da indústria. Um é a falta de demanda. O outro é o excesso de estoques, que elevam os custos das empresas, e, finalmente, há a questão financeira. As empresas continuam com a situação financeira debilitada, o que adia as decisões sobre a produção e o emprego”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.
Ele explica que esses problemas foram identificados na Sondagem Industrial de março, divulgada pela CNI na semana passada.
“Para uma recuperação mais forte da indústria é preciso reduzir os estoques e resolver a questão financeira das empresas. Isso requer o aumento da demanda”, destaca Azevedo.
De acordo com os Indicadores Industriais, o faturamento da indústria teve queda de 4,1% no primeiro trimestre de 2019 frente ao último trimestre de 2018, na série dessazonalizada. No mesmo período, a utilização da capacidade instalada recuou 0,3 ponto percentual e as horas trabalhadas na produção subiram apenas 0,2%.
O emprego e a massa real de salários ficaram estáveis e o rendimento médio do trabalhador aumentou 1,2% em março na comparação com fevereiro, na série dessazonalizada. No primeiro trimestre deste ano frente ao último trimestre de 2018, o emprego subiu apenas 0,1%, a massa real de salários caiu 0,8% e o rendimento médio do trabalhador teve queda de 1,5%. (Com informações da CNI).
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