Tensão entre Estados Unidos e China derruba a bolsa de valores

São Paulo – O Ibovespa fechou em forte queda ontem, após a China anunciar aumento de tarifas de importação de produtos norte-americanos em resposta à taxação dos Estados Unidos anunciada na semana passada, agravando o embate comercial entre os dois gigantes econômicos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,69%, a 91.726,54 pontos. O volume financeiro somou R$ 13,6 bilhões.
Pequim anunciou ontem elevação de tarifas contra US$ 60 bilhões em produtos norte-americanos a partir de junho, em resposta à decisão dos EUA de elevar tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses.
A medida ocorreu após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter alertado Pequim a não retaliar o movimento de Washington na semana passada. Trump disse esperar se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 no fim de junho.
“As tensões comerciais continuarão a ser um ponto focal importante para os mercados e o sentimento de risco”, disse o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, em nota a clientes.
Investidores temem que a deterioração nas negociações e o prolongamento do embate, com potenciais tarifas adicionais norte-americanas ou novas medidas de retaliação chinesas, possam ter forte impacto no crescimento global.
No caso do Brasil, uma desaceleração mais forte na atividade econômica mundial, com reflexos no consumo de commodities como minério de ferro e soja, pioraria ainda mais o cenário de crescimento no País, que tem frustrado economistas.
Pesquisa Focus nesta segunda-feira mostrou a 11ª revisão para baixo nas projeções de mercado para Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, com a mediana das estimativas agora apontando expansão de 1,45%.
Na seara política, agentes de mercado veem um cenário cada vez mais desafiador, com uma pauta na semana relativamente pesada, incluindo novas audiências em comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a reforma da Previdência.
A temporada de resultados no Brasil também entra em sua reta final nesta semana, incluindo os balanços de Cosan e JBS nesta segunda-feira, após o fechamento da bolsa.
“Apesar da atividade mais fraca no Brasil, as empresas registraram resultados em média ligeiramente melhores que o esperado, embora com maiores destaques negativos”, notou a XP Investimentos, a partir dos resultados divulgados até o momento.
Destaques – Vale caiu 4,1%, diante do cenário externo adverso, com queda também em papéis de mineradoras na Europa. Bradespar, que concentra seus investimentos em Vale, perde 4,6%.
Petrobras PN recuou 2,92%, contaminada pelo viés negativo, com o petróleo também perdendo fôlego e fechando em queda no exterior. (Reuters)
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