Opinião

EDITORAL | Minas reclama o seu espaço

EDITORAL | Minas reclama o seu espaço
Credito: Gil Leonardi/Imprensa MG MG

Para reencontrar o equilíbrio fiscal e, minimamente, retomar condições de expansão das atividades econômicas, a principal aposta do governador Romeu Zema é a renegociação das dívidas do Estado com a União. Tal esforço, condicionado a contrapartidas pesadas principalmente do ponto de vista político e restrições sobre as quais seria apropriada uma análise mais profunda, de alguma forma chama atenção também para as restrições que, pelo menos desde a virada do século, Minas Gerais vem sofrendo no que toca às suas relações com a União.

O Estado, é fato, perdeu seu protagonismo político, sobretudo porque não soube fazer bom uso de sua representatividade e, implicitamente, da força que em tese ela representa. Qualquer comparação com investimentos federais em outras regiões do País, e não necessariamente exclusivamente São Paulo e Rio de Janeiro, facilmente comprovará a tese. E sem que seja preciso lembrar o metrô de Belo Horizonte, que durante todos estes anos recebeu apenas promessas. São questões que nos ocorrem a propósito do movimento liderado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) propondo um Pacto por Minas, mobilizando empresários, as demais entidades que os representam, assim como as bancadas de deputados federais e senadores.

Minas, cujas dificuldades no plano econômico se agravaram depois do desastre da Vale em Brumadinho, reclama a atenção que lhe é devida e, objetivamente, cobra o destravamento de 28 projetos para o Estado que somam investimentos de R$ 44,6 bilhões e, conforme a Fiemg, poderiam gerar 227 mil empregos diretos em cinco anos, compensando, ainda que não integralmente, as perdas geradas na mineração. Cabe assinalar que as obras elencadas dizem respeito a projetos que já estão prontos, alguns dependentes apenas de concessões ou licenciamentos ou tão antigos quanto a duplicação da BR-381 ou, mais recente, o Rodoanel de Belo Horizonte, projeto dado como aprovado, mas do qual não se ouve falar.

Aceitar o desafio que está sendo proposto, pressionar e cobrar, sobretudo, a partir de sua representação política, é o verdadeiro caminho, talvez na realidade o único, para que Minas Gerais recupere, objetivamente, seu lugar e sua expressão no cenário nacional. E não se fará, a partir do esforço que o empresariado propõe, mais que um movimento que será também crucial para a efetiva recuperação da economia nacional. Não dá para continuar perdendo tempo ou esperando. Mais que recursos, que todos sabemos escassos, a questão é de atitude e de mobilização. Este o sentido maior do “Pacto por Minas”, um apelo que não comporta indiferença.

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