Ibovespa tem queda de 1,75% e fecha em menor nível do ano

São Paulo – O Ibovespa fechou em forte queda ontem, quase perdendo o nível de 90 mil pontos e descolado de bolsas no exterior. O movimento foi pressionado por ruídos políticos que alimentaram preocupações sobre a tramitação da reforma da Previdência, em um ambiente com atividade econômica já debilitada no País.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,75%, a 90.024,47 pontos, fechando no menor nível do ano. O volume financeiro somou R$ 17,3 bilhões.
Investidores já começam a enxergar potenciais novos atrasos no andamento da reforma da Previdência diante de investigações envolvendo pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro e protestos em várias cidades do País contra bloqueio de recursos para a educação.
“Isso tumultua o processo”, afirmou o chefe da mesa de renda variável do BTG Pactual digital, Jerson Zanlorenzi. No entanto, ele não observou ainda nenhum evento que considere um “divisor de águas” capaz de dizimar expectativas de aprovação da reforma, que a equipe do banco espera para julho.
Zanlorenzi chamou a atenção para o efeito negativo na economia decorrente desse atraso. “Os empresários estão receosos de tomar risco”, afirmou.
Cenário adverso – A pauta macroeconômica tem desapontado sucessivamente, com o dado mais recente, o IBC-BR do Banco Central, espécie de sinalizador do PIB, mostrando retração no primeiro trimestre do ano, enquanto economistas têm cortado seguidamente as projeções para o crescimento em 2019.
O cenário externo também se complicou, conforme a reviravolta nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China adicionou temores sobre os potenciais efeitos no ritmo da economia global, que também passa por processo de desaceleração.
Ontem, contudo, Wall Street fechou no azul, encontrando suporte em resultados corporativos, notadamente os números do Walmart e da Cisco Systems, além de dados melhores sobre novas moradias nos EUA. O S&P 500 avançou 0,9%.
“As tensões seguem elevadas e poucos avanços foram feitos desde a semana passada. Enquanto a situação perdurar, a percepção de risco global deve permanecer alta”, disse a XP em nota a clientes. (Reuters)
Dólar supera R$ 4 pela 1ª vez em 7 meses e meio
São Paulo – O dólar fechou em firme alta ante o real ontem, acima de R$ 4 pela primeira vez em sete meses e meio, com o real consolidando o fim de seu rali pós-eleição, conforme investidores incorporam mais risco diante da piora de perspectiva para a agenda de reformas.
A moeda norte-americana rompeu a barreira dos R$ 4 ainda pela manhã. Mas, diferentemente de outros pregões, a disparada para esse nível não atraiu fluxo relevante de tesourarias bancárias e exportadores na ponta de venda.
Com a típica queda de volumes durante a tarde e sem oferta de moeda no mercado, o dólar teve espaço livre para continuar a escalada, em sintonia com um dia negativo para os mercados brasileiros em geral.
Os juros tiveram a maior alta em quase dois meses, e o Ibovespa chegou a perder os 90 mil pontos na última hora de negócios. Na máxima do dia, o dólar bateu R$ 4,0425, com valorização de 1,16%. O fechamento não foi muito menor. O dólar à vista terminou a sessão em alta de 1,01%, a R$ 4,0366 na venda. Na B3, o dólar futuro subia 1,00%, a R$ 4,0485.
“Não dá mais para dizer que esse patamar está ‘torto’. O nível de risco aumentou e o mercado se ajusta a isso. É reação à piora de fundamento”, disse Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management.
Além do cenário externo mais conturbado, o câmbio tem reagido à deterioração do cenário local, com rebaixamentos sequenciais nas projeções para a economia em meio a frequentes reveses na articulação política do governo.
A confiança do mercado após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em outubro do ano passado, levou o dólar a uma mínima em torno de R$ 3,65 no fim do último mês de janeiro
Desde então, contudo, o Executivo tem acumulado derrotas no Congresso, sem uma base consolidada e com ameaças persistentes de diluição adicional da proposta da reforma da Previdência.
Como resultado, o dólar anulou toda a queda vista após a eleição de Bolsonaro. E, desde a mínima deste ano, já sobe 10,33%.
BofA – Citando o ambiente piorado para as negociações em prol da reforma da Previdência, o Bank of America Merrill Lynch aumentou ontem a estimativa para o dólar ao fim do ano. O banco agora espera taxa de R$ 3,80 ao término de 2019, ante prognóstico anterior de R$ 3,60.
“Crescimento menor, juros mais baixos, real mais fraco”, resumiu em nota equipe de estrategistas do BofA. (Reuters)
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