Aumento do PIB do agronegócio brasileiro é revisto para 0,6%

O setor agropecuário brasileiro deve avançar 0,6% em 2019, segundo projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados foram divulgados ontem, na Carta de Conjuntura do Instituto, e sinalizam melhora em relação ao 0,4% previsto em fevereiro deste ano.
A pecuária deve ser determinante para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário. A expectativa, confirmada por previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), é de crescimento para todos os itens da produção animal, com destaque para a produção de bovinos, suínos e leite. A maior contribuição para esse aumento é de bovinos, com previsão de incremento de 3% em relação ao ano passado – o grupo dos bovinos contribui com cerca de metade do PIB da pecuária.
A previsão para a agricultura, por outro lado, é de uma leve alta de 0,1%, explicada em grande medida pela queda na previsão da safra de soja, que deve encolher 4,4% segundo Levantamento Sistemático da Agricultura (LSPA) do IBGE. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Usda também preveem queda de 4,2% e 4,1% na produção de soja em relação à safra passada.
Dentre os produtos da produção animal, além do bom desempenho esperado para os bovinos, há destaque para os suínos, com projeção de aumento na produção de 5,6% devido à disseminação da peste suína africana na China, que causará grande impacto na produção de carne de porco naquele país.
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No caso da lavoura, apesar da expectativa de avanço expressivo de 12,6% para o milho e de 29% para o algodão em caroço – e do aumento da área plantada -, a previsão de queda na produção da soja foi determinante na revisão do PIB agro. O café também apresenta redução projetada de 10% da safra atual em comparação com a anterior – algo já esperado pelo setor.
Mercado de trabalho – O número de trabalhadores ocupados no agronegócio se manteve estável no primeiro trimestre de 2019, com leve recuo de 0,23% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar da queda de trabalhadores nos segmentos agroindústria e primário – de acordo com cálculos feitos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP. Os desempenhos positivos em insumos e agrosserviços foram responsáveis por segurar a taxa de ocupação do setor. Nesses segmentos, em termos absolutos, houve um incremento superior a 140 mil pessoas ocupadas.
O emprego no agronegócio reflete as tendências observadas no mercado de trabalho brasileiro: recuo de mão de obra com carteira assinada, em contraponto ao avanço de trabalhadores informais. Em relação à escolaridade, o setor agro concentra uma perda expressiva dos trabalhadores menos escolarizados. Na comparação do 1º trimestre de 2019 frente ao mesmo período no ano anterior, houve queda de 34,63% para esse grupo, em contraponto ao avanço de 7,43% no contingente de ocupados com nível superior completo ou incompleto.
Crédito agrícola – A seção Economia Agrícola da Carta de Conjuntura traz, ainda, uma análise da evolução do crédito rural entre 2007 e 2018. O trabalho mostra que há uma tendência de crescimento da participação dos recursos não controlados, especialmente da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA); das cooperativas de crédito; e das contratações a taxas de mercado. Ao mesmo tempo, verifica-se tendência de redução da subvenção pública explícita. (Com informações do Ipea).
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