Como impulsionar a convergência entre legado e inovação

Matheus Vieira Campos *
Há uma percepção no mercado sobre alguns pontos que impedem que as empresas embarquem, de vez, na transformação digital. A pesquisa “State of Digital Business Transformation”, feita, recentemente, pela consultoria IDC, mostra que a falta de alinhamento entre as mudanças que a diretoria quer implantar e a perspectiva dos colaboradores e as dificuldades técnicas, que dizem respeito ao conhecimento sobre as novidades tecnológicas e o desafio de integrá-las, são as principais. O estudo diz que, mesmo com várias ofertas de tecnologias, existe uma resistência para a atualização dos equipamentos e a migração dos legados vêm da dificuldade de alterar o modus operandi.
Diante do retrato trazido pelo estudo, a verdade é que, apesar de existirem diversos estudos e provas de que a tecnologia e as facilidades trazidas pela Inteligência Artificial são benéficas para as organizações, pessoas e para a sociedade, o trabalho de assimilação dessa realidade é, em grande parte, interno, geralmente por meio da troca entre diretoria e presidente e os demais colaboradores.
Por mais que uma empresa esteja disposta a ser mais tecnológica o possível e tenha condições para isso, é fundamental que ela “venda” essa ideia para o seu time. E uma das formas mais eficazes de iniciar esse processo e tornar essa assimilação possível é por meio do debate e da troca de conhecimento entre as empresas, que estão vivendo esse momento, ao mesmo tempo em que aqueles que estejam à frente da organização repliquem essa importância para todas as estruturas da organização.
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Essa foi a proposta do CEO Fórum 2019, organizado pela Amcham-BH. Observando o desafio das organizações em tornarem essa convergência uma realidade, de fato, positiva. O evento propôs um debate entre executivos que estão à frente de grandes negócios, que atuam no Brasil, e possuem particularidades, em relação ao uso de tecnologias. Empresas como a Stone Pagamentos, fintech brasileira fundada em 2012, que fechou o último trimestre com um aumento de 603% no lucro, e a Embratel, que está utilizando uma estratégia inovadora de fazer parcerias com empresas de diversos setores para desenvolver soluções tecnológicas, podem dialogar com corporações tradicionais. Como é o caso da mineira Cedro Têxtil, que, após 142 anos sendo comandada pela família fundadora, abriu as portas para o primeiro executivo do mercado, instaurando uma verdadeira revolução na companhia, inclusive em termos de tecnologia.
O encontro entre esses negócios, que, geralmente, são de gerações diferentes e a troca de experiências entre eles pode gerar, a princípio, um choque de realidade, mas, ao mesmo tempo, a percepção de como é possível que uma empresa tradicional, e que está há anos no mercado, incorpore a tecnologia em seus negócios sem perder o legado construído há anos. Por outro lado, negócios inovadores também podem enxergar em empresas tradicionais a importância de um legado, construído na base da confiança e sobre o entendimento em relação ao consumidor, que tem mudado seu comportamento, ao longo dos anos.
- Coordenador regional da Câmara Americana de Comércio de Belo Horizonte (Amcham-BH)
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