País registra em maio menor inflação para mês desde 2006

Rio de Janeiro/São Paulo – Os preços de alimentos passaram a cair em maio e a inflação oficial do Brasil desacelerou para o nível mais baixo em seis meses, mostrando que permanece sob controle, enquanto o Banco Central busca mais tempo para avaliar o cenário.
Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,13%, depois de subir 0,57% em abril, informou, na sexta-feira (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o resultado mais fraco desde uma queda de 0,21% em novembro, e a inflação mais baixa para meses de maio desde 2006 (0,10%).
Com isso, o IPCA em 12 meses passou a subir 4,66%, de 4,94% no mês anterior, aproximando-se ainda mais do centro da meta oficial de inflação do governo para 2019, de 4,25% pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
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“Ainda não dá para falar em tendência, tem que ver os próximos meses. Cada mês teve um motivo para o movimento da taxa”, disse o analista do IBGE Pedro Costa.
“A taxa de 12 meses ainda embute o efeito da greve dos caminhoneiros (em maio de 2018), e esse efeito vai passar em junho”, completou.
Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters, de altas de 0,20% na base mensal e de 4,72% em 12 meses.
Alimentação e Bebidas – Em maio, quatro dos nove grupos apresentaram deflação, sendo que o maior peso negativo foi exercido por Alimentação e Bebidas.
Os preços de alimentação e bebidas passaram a cair 0,56%, depois de subirem 0,63% em abril, com destaque para a queda de 0,89% da alimentação no domicílio.
Itens de peso na mesa do consumidor mostraram recuo, com os preços do tomate caindo 15,08% depois de alta de 28,64% no mês anterior, enquanto feijão-carioca recuou 13,04% e as frutas tiveram queda de 2,87%.
“Os feijões estão como uma ótima segunda safra e os tomates foram beneficiados por clima mais ameno. Há um aumento de oferta que justifica essa desaceleração”, explicou Costa.
Tiveram deflação ainda em maio Artigos de Residência, de 0,10%; Educação (-0,04%); e Comunicação (-0,03%). O índice de serviços também apresentou queda em maio, de 0,11%, após alta de 0,32% em abril.
Por outro lado, os grupos Habitação e Saúde e cuidados pessoais exerceram os maiores impactos de alta, ao subirem respectivamente 0,98% e 0,59%. O primeiro foi influenciado principalmente pelo aumento de 2,18% da energia elétrica.
BC – Com os preços e as expectativas de inflação sob controle, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem defendendo que o País não pode cair na tentação de trocar crescimento de curto prazo por inflação mais alta, justificando que isso tende a causar inflação alta e crescimento baixo.
A economia brasileira iniciou 2019 com contração de 0,2% no primeiro trimestre, com fraqueza em indústria, agropecuária e investimentos, na primeira queda trimestral desde o fim de 2016.
Apesar do cenário de fraqueza econômica, os economistas consultados na pesquisa Focus do BC continuam vendo manutenção da taxa básica de juros Selic em 6,5% até o fim do ano. Para o IPCA a expectativa é de avanço de 4,03% em 2019. (Reuters)
IGP-DI desacelera puxado por alimentos
São Paulo – O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve alta de 0,40% em maio, depois de subir 0,90% no mês anterior, com deflação nos alimentos tanto no atacado quanto no varejo, de acordo com os dados divulgados, na sexta-feira (7), pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Pesquisa da Reuters junto a economistas mostrava que a expectativa era de um ganho de 0,30%, na mediana das projeções.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador todo, desacelerou a alta a 0,52%, de 1,09% em abril.
Os preços dos produtos agropecuários aceleraram a queda no mês a 2,28%, de recuo de 0,41% em abril. Já os produtos industriais tiveram alta de 1,46%, sobre 1,60% no mês anterior.
IPC-DI – A pressão do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), que responde por 30% do IGP-DI, também diminuiu com avanço de 0,22% em maio, sobre alta a 0,63% no mês anterior.
A principal contribuição para o movimento partiu do grupo Alimentação, cujos preços caíram em maio 0,37%, após alta de 0,63% em abril, com destaque para hortaliças e legumes.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI), por sua vez, ganhou 0,03% no período, de 0,38% em abril.
O IGP-DI é usado como referência para correções de preços e valores contratuais. Também é diretamente empregado no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e das contas nacionais em geral. (Reuters)
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