Agronegócio

Preço do leite para o produtor fica estável no Estado em junho

Preço do leite para o produtor  fica estável no Estado em junho
Produtor do Estado recebeu R$ 1,51 na média líquida pela comercialização do litro de leite este mês - Foto: Eduardo Seidl/Palácio Piratini

Após cinco meses de alta, os preços pagos pelo leite em Minas Gerais ficaram praticamente estáveis, mas mostrando uma leve tendência de queda. De acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em junho, referente à produção entregue em maio, foi verificada retração de 0,03% no preço médio líquido praticado no Estado. No período, o produtor recebeu R$ 1,51 pela comercialização do litro.

O viés de queda está atrelado aos altos valores praticados nos meses anteriores, o que provocou elevação nos preços dos produtos e travou a demanda no mercado final. A tendência, segundo o Cepea, é de queda nos valores nos próximos pagamentos

Segundo os pesquisadores do Cepea, a valorização do leite vista nos últimos meses teve como base a demanda aquecida pelos laticínios e a oferta menor de leite no campo. A disponibilidade de leite ficou limitada tanto pelas condições sazonais, como a redução de chuvas e a diminuição da qualidade das pastagens, como também pela maior insegurança de produtores em realizar investimentos desde 2017. Isso em função dos preços baixos praticados nos anos anteriores e da oscilação dos mesmos.

A menor oferta e a disputa acirrada pelo produto fizeram com que os preços do leite, em Minas Gerais, acumulassem alta de 16,6% entre janeiro e maio. Com a valorização da matéria-prima, a indústria repassou as altas para o consumidor final. Porém, o setor encontrou dificuldades em comercializar os itens.

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Com a elevação dos preços e em função da descapitalização das famílias em decorrência do alto índice de desemprego, a demanda pelos produtos lácteos ficou menor, provocando a redução da margem de lucro das indústrias. Devido a esses fatores, de acordo com o Cepea, a tendência agora é de que os preços pagos aos pecuaristas recuem nos próximos pagamentos.

Em junho, referente à produção entregue em maio, o produtor mineiro recebeu R$ 1,51 na média líquida pela comercialização do litro de leite, valor que ficou 0,03% menor quando comparado com maio. Apesar da pequena retração frente ao mês anterior, em relação a junho de 2018 o preço acumula alta de 17,05%. Em junho deste ano, o valor médio líquido registrado nas propriedades com captação menor que 200 litros ao dia foi de R$ 1,31 e nas propriedades que produzem mais de 2 mil litros o preço médio ficou em R$ 1,63.

No caso do valor bruto, a média apresentou pequena variação positiva de 0,01%, com o litro de leite avaliado em R$ 1,62. Nas propriedades que produzem menos de 200 litros, o valor médio ficou em R$ 1,41 e nas unidades com produção superior a 2 mil litros foi de R$ 1,75.

Brasil – O valor do leite em junho, na média Brasil, teve ligeiro avanço frente ao mês anterior. Segundo levantamento do Cepea, na média líquida Brasil, o valor fechou a R$ 1,52 por litro neste mês, aumento de 0,68% em relação a maio de 2019, mas 13,9% superior ao número registrado em junho de 2018. A média Brasil é composta conforme os resultados obtidos nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Desde o início do ano, os preços do leite ao produtor já subiram 21,1% na média Brasil líquida. Essa expressiva valorização está atrelada ao cenário de elevada competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima e a menor oferta neste primeiro semestre.

Regiões – Em junho, referente à produção entregue em maio, foi verificada alta nos preços do leite apenas na Zona da Mata de Minas Gerais. O valor médio líquido pago pelo litro de leite encerrou o período em R$ 1,41, variação positiva de 0,99%. No valor bruto médio, o avanço ficou em 0,59%, com o litro negociado a R$ 1,50.

No Sul e Sudoeste, o preço líquido chegou a R$ 1,52, na média líquida, queda de 0,77%. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o preço do leite apresentou variação negativa de 0,06% e o litro foi negociado a R$ 1,50, média líquida.

No Vale do Rio Doce, a média ficou em R$ 1,41, queda de 0,40%. Retração também ocorreu no Triângulo e Alto Paranaíba, com o litro comercializado a R$ 1,55, preço 0,35% menor.

Quase 70% da produção vem da agricultura familiar

O leite, um dos produtos mais importantes da economia mineira, tem o seu protagonismo garantido e fortalecido pelas famílias assistidas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Dados da Emater-MG, vinculada da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), apontam que Minas Gerais produz 10 bilhões de litros de leite por ano.

A principal bacia leiteira do Brasil é responsável por 26,7% da produção nacional. Desse montante, 7,1 bilhões de litros são produzidos pela agricultura familiar, o correspondente a 68,91% da produção total no Estado.

Os números expressivos da agricultura familiar também aparecem no processamento de produtos lácteos (queijos artesanais, queijo minas frescal, muçarela, ricota, manteiga, doce de leite e requeijão). Minas possui 8.084 agroindústrias familiares individuais e 31 agroindústrias familiares coletivas, cuja produção totaliza 35 mil toneladas de derivados de leite produzidas por ano.

coordenador-técnico estadual para bovinocultura da Emater-MG, Nauto Martins, afirma que a pecuária leiteira é uma atividade tradicional baseada na agricultura familiar. Em Minas Gerais, 234.110 produtores familiares dedicam-se à pecuária leiteira.

“A maior parte dos produtores são famílias e, independentemente da quantidade de leite extraída em cada propriedade, o volume total é muito expressivo”, explica.

Certifica Minas – Nauto frisa que as famílias agricultoras são o público prioritário da Emater-MG, que atua principalmente na promoção de “políticas públicas que assegurem apoio às famílias, modernização e qualidade à produção”.

Em 2019, a empresa trabalha para fortalecer o programa Certifica Minas Leite, cujo objetivo é orientar produtores familiares sobre boas práticas de produção, gestão, responsabilidade social e ambiental para inseri-los de forma competitiva nos mercados nacionais e internacionais.

No sítio Santa Cruz, em Ipanema, região do Rio Doce, o produtor Gleison de Paula Portes conta com o auxílio da empresa de extensão há quase duas décadas para manter a constância e qualidade da produção em sua propriedade, que atinge a marca de 200 litros de leite por dia. “A Emater-MG está presente em nossas atividades com toda a orientação, assistência e acompanhamento que precisamos, inclusive nos financiamentos do Pronaf”, elogia.

O Pronaf, criado em 1995, dá assistência às atividades desenvolvidas por pequenos produtores por meio da modernização do sistema produtivo e pelo financiamento de atividades e serviços.

Parcerias – A Emater-MG fomenta a realização de feiras e leilões de fêmeas e touros reprodutores em busca de melhorias genéticas para o rebanho bovino comercial com o programa Pró-Genética e Pró-Fêmeas. Coordenado pela Seapa e executado pela Emater-MG, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epamig) e pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), o programa é apoiado por associações de criadores, agentes financeiros, sindicatos, cooperativas e prefeituras.

Convênios firmados entre a Emater-MG e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com investimentos de cerca de R$ 3,5 milhões, permitem ações voltadas para pecuária de leite e corte e produção de Queijo Minas Artesanal. (Com informações da Seapa).

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