Preço do leite para o produtor fica estável no Estado em junho

Após cinco meses de alta, os preços pagos pelo leite em Minas Gerais ficaram praticamente estáveis, mas mostrando uma leve tendência de queda. De acordo com o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em junho, referente à produção entregue em maio, foi verificada retração de 0,03% no preço médio líquido praticado no Estado. No período, o produtor recebeu R$ 1,51 pela comercialização do litro.
O viés de queda está atrelado aos altos valores praticados nos meses anteriores, o que provocou elevação nos preços dos produtos e travou a demanda no mercado final. A tendência, segundo o Cepea, é de queda nos valores nos próximos pagamentos
Segundo os pesquisadores do Cepea, a valorização do leite vista nos últimos meses teve como base a demanda aquecida pelos laticínios e a oferta menor de leite no campo. A disponibilidade de leite ficou limitada tanto pelas condições sazonais, como a redução de chuvas e a diminuição da qualidade das pastagens, como também pela maior insegurança de produtores em realizar investimentos desde 2017. Isso em função dos preços baixos praticados nos anos anteriores e da oscilação dos mesmos.
A menor oferta e a disputa acirrada pelo produto fizeram com que os preços do leite, em Minas Gerais, acumulassem alta de 16,6% entre janeiro e maio. Com a valorização da matéria-prima, a indústria repassou as altas para o consumidor final. Porém, o setor encontrou dificuldades em comercializar os itens.
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Com a elevação dos preços e em função da descapitalização das famílias em decorrência do alto índice de desemprego, a demanda pelos produtos lácteos ficou menor, provocando a redução da margem de lucro das indústrias. Devido a esses fatores, de acordo com o Cepea, a tendência agora é de que os preços pagos aos pecuaristas recuem nos próximos pagamentos.
Em junho, referente à produção entregue em maio, o produtor mineiro recebeu R$ 1,51 na média líquida pela comercialização do litro de leite, valor que ficou 0,03% menor quando comparado com maio. Apesar da pequena retração frente ao mês anterior, em relação a junho de 2018 o preço acumula alta de 17,05%. Em junho deste ano, o valor médio líquido registrado nas propriedades com captação menor que 200 litros ao dia foi de R$ 1,31 e nas propriedades que produzem mais de 2 mil litros o preço médio ficou em R$ 1,63.
No caso do valor bruto, a média apresentou pequena variação positiva de 0,01%, com o litro de leite avaliado em R$ 1,62. Nas propriedades que produzem menos de 200 litros, o valor médio ficou em R$ 1,41 e nas unidades com produção superior a 2 mil litros foi de R$ 1,75.
Brasil – O valor do leite em junho, na média Brasil, teve ligeiro avanço frente ao mês anterior. Segundo levantamento do Cepea, na média líquida Brasil, o valor fechou a R$ 1,52 por litro neste mês, aumento de 0,68% em relação a maio de 2019, mas 13,9% superior ao número registrado em junho de 2018. A média Brasil é composta conforme os resultados obtidos nos estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Desde o início do ano, os preços do leite ao produtor já subiram 21,1% na média Brasil líquida. Essa expressiva valorização está atrelada ao cenário de elevada competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima e a menor oferta neste primeiro semestre.
Regiões – Em junho, referente à produção entregue em maio, foi verificada alta nos preços do leite apenas na Zona da Mata de Minas Gerais. O valor médio líquido pago pelo litro de leite encerrou o período em R$ 1,41, variação positiva de 0,99%. No valor bruto médio, o avanço ficou em 0,59%, com o litro negociado a R$ 1,50.
No Sul e Sudoeste, o preço líquido chegou a R$ 1,52, na média líquida, queda de 0,77%. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o preço do leite apresentou variação negativa de 0,06% e o litro foi negociado a R$ 1,50, média líquida.
No Vale do Rio Doce, a média ficou em R$ 1,41, queda de 0,40%. Retração também ocorreu no Triângulo e Alto Paranaíba, com o litro comercializado a R$ 1,55, preço 0,35% menor.
Quase 70% da produção vem da agricultura familiar
O leite, um dos produtos mais importantes da economia mineira, tem o seu protagonismo garantido e fortalecido pelas famílias assistidas pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Dados da Emater-MG, vinculada da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), apontam que Minas Gerais produz 10 bilhões de litros de leite por ano.
A principal bacia leiteira do Brasil é responsável por 26,7% da produção nacional. Desse montante, 7,1 bilhões de litros são produzidos pela agricultura familiar, o correspondente a 68,91% da produção total no Estado.
Os números expressivos da agricultura familiar também aparecem no processamento de produtos lácteos (queijos artesanais, queijo minas frescal, muçarela, ricota, manteiga, doce de leite e requeijão). Minas possui 8.084 agroindústrias familiares individuais e 31 agroindústrias familiares coletivas, cuja produção totaliza 35 mil toneladas de derivados de leite produzidas por ano.
coordenador-técnico estadual para bovinocultura da Emater-MG, Nauto Martins, afirma que a pecuária leiteira é uma atividade tradicional baseada na agricultura familiar. Em Minas Gerais, 234.110 produtores familiares dedicam-se à pecuária leiteira.
“A maior parte dos produtores são famílias e, independentemente da quantidade de leite extraída em cada propriedade, o volume total é muito expressivo”, explica.
Certifica Minas – Nauto frisa que as famílias agricultoras são o público prioritário da Emater-MG, que atua principalmente na promoção de “políticas públicas que assegurem apoio às famílias, modernização e qualidade à produção”.
Em 2019, a empresa trabalha para fortalecer o programa Certifica Minas Leite, cujo objetivo é orientar produtores familiares sobre boas práticas de produção, gestão, responsabilidade social e ambiental para inseri-los de forma competitiva nos mercados nacionais e internacionais.
No sítio Santa Cruz, em Ipanema, região do Rio Doce, o produtor Gleison de Paula Portes conta com o auxílio da empresa de extensão há quase duas décadas para manter a constância e qualidade da produção em sua propriedade, que atinge a marca de 200 litros de leite por dia. “A Emater-MG está presente em nossas atividades com toda a orientação, assistência e acompanhamento que precisamos, inclusive nos financiamentos do Pronaf”, elogia.
O Pronaf, criado em 1995, dá assistência às atividades desenvolvidas por pequenos produtores por meio da modernização do sistema produtivo e pelo financiamento de atividades e serviços.
Parcerias – A Emater-MG fomenta a realização de feiras e leilões de fêmeas e touros reprodutores em busca de melhorias genéticas para o rebanho bovino comercial com o programa Pró-Genética e Pró-Fêmeas. Coordenado pela Seapa e executado pela Emater-MG, pela Empresa de Pesquisa Agropecuária (Epamig) e pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), o programa é apoiado por associações de criadores, agentes financeiros, sindicatos, cooperativas e prefeituras.
Convênios firmados entre a Emater-MG e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com investimentos de cerca de R$ 3,5 milhões, permitem ações voltadas para pecuária de leite e corte e produção de Queijo Minas Artesanal. (Com informações da Seapa).
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