EDITORIAL | As respostas que não vêm

O Brasil tem pela frente problemas que não são nada pequenos, começando por uma dívida pública cujo serviço exaure seus recursos, passando por um déficit fiscal que, se não for controlado, pode em pouco tempo deixar o País sem recursos mesmo para atender a serviços públicos essenciais, e terminando por uma demanda por investimentos, nas áreas de educação, saúde e infraestrutura que também, nas condições atuais, não se pode atender. Tudo isso demanda gestão eficiente, articulação política capaz de sustentar um projeto para o País. Em resumo, e tendo em conta as condições predominantes, algo muito próximo da utopia, bem distante do espaço onde circulam os agentes públicos.
São desafios realmente de grandes proporções, cuja extensão o atual presidente sugere perceber ao declarar que “perde noites de sono”, diante do peso das obrigações que pesam sobre seus ombros, completados os primeiros seis meses de sua gestão e tendo pela frente mais três anos e meio de trabalho. Nada disso, no entanto, parece desanimar o presidente, que em campanha dizia ser contra a reeleição e não pretender um segundo mandato, já admite essa possibilidade. E não está sozinho na sua pretensão.
O governador de São Paulo, aquele que também dizia não ser político, se elegeu prefeito da capital do Estado, mas abandonou o posto para concorrer, com sucesso, ao governo local, também não esconde que é candidato e trabalha ostensivamente para isso. Concorrendo, por enquanto não apenas com o atual presidente, mas igualmente com o deputado Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara dos Deputados, que não afirma nada a respeito, mas seria, na avaliação geral, mais um dos candidatíssimos.
Todos eles se movimentam e se articulam, buscam construir alianças, repetindo os velhos e conhecidos processos em que sobram espaços a serem ocupados pela ambição em suas mais diversas formas e, ainda com capacidade para produzir algum espanto, nada que sinalize de fato propostas de governo, um projeto para o País, contemplando fórmulas e atitudes de enfrentamento dos problemas apontados no inicio desse comentário. Dito de outra forma, é absurdo e sem propósito que passados apenas seis meses desde a posse do atual governo e sem que tenham surgido, efetivamente, as respostas reclamadas, já se fale nas próximas eleições, nos futuros candidatos, não será demais acrescentar, a virtuais síndicos de um massa falida.
Assim e cada dia que passa parece mais verdadeira a afirmação de que o Brasil e os brasileiros precisam acordar para os seus problemas reais, assumindo por inteiro o desafio de enfrentá-los e superá-los. Algum candidato tem a resposta?
Ouça a rádio de Minas