Fórum ABRH-MG: dinanismo digital exige foco nas pessoas

Um mundo 4.0, com relações cada vez mais tecnológicas e digitais, traz a necessidade de um resgate do lado humano dos profissionais dentro das organizações. O futuro da gestão de pessoas, em meio à transformação digital, foi discutido no Fórum ABRH-MG.
O principal evento sobre gestão de pessoas em Minas Gerais aconteceu na última terça-feira, em Belo Horizonte, e reuniu lideranças, gestores de pessoas e profissionais premiados para a troca de experiências e conhecimentos.
A presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH-MG), Eliane Ramos Vasconcellos Paes, avaliou que o foco no fator humano é extremamente relevante em um mundo tão tecnológico.
“As pessoas cada vez mais procuram um propósito naquilo que fazem e querem deixar um legado que está diretamente relacionado com o sentimento de felicidade dos profissionais dentro das organizações”, afirmou.
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Paes ressaltou que a tecnologia está a favor das organizações e do setor de recursos humanos e que o maior diferencial ainda são as pessoas.
“Acredito que vamos ter várias profissões novas, mas serão funções repetitivas. Vamos tirar o robô de dentro da gente para fazer o essencial, que é trabalhar as soft skills, ou seja, a criatividade, a empatia, a forma de resolver problemas, fortalecer as conexões sociais”, explicou.
O professor e pesquisador Fundação Dom Cabral, Paulo Almeida, propôs uma reflexão sobre como adaptar pessoas, humanidades e lideranças para a era digital, que vai exigir um novo perfil na gestão de pessoas. De acordo com ele, os colaboradores serão, cada vez mais, protagonistas da própria carreira e para que esse protagonismo aconteça, será necessário que os profissionais se conheçam melhor e desenvolvam uma capacidade de adaptação cada vez maior.

“Os colaboradores vão se transformar gradualmente em protagonistas e essa adaptação está relacionada a todos os desafios que serão colocados para eles nas organizações com a introdução da inteligência artificial e as mudanças que isso vai trazer”, pontuou.
Nessa nova realidade, Almeida destacou que o RH precisa se tornar ágil e se manter relevante dentro das organizações. Para isso, é necessário atender à necessidade de gerir talentos e interiorizar mudanças nos processos para alcançar práticas de gestão flexíveis.
“O RH dificilmente continuará relevante nas empresas se não fizer uso de forma rápida, consistente e aprofundada da inteligência artificial. É preciso estar no centro e no coração das organizações e ter, sobretudo, a competência fundamental de gerir e organizar talentos”, disse.
A busca por novos talentos e o desenvolvimento dos talentos internos também é essencial na avaliação da presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka. Segundo ela, diferentes experiências e conhecimentos garantem a formação de times diversos com as competências necessárias e bem representadas.
“A empresa tem que ser um reflexo daquilo que queremos buscar, do que os nossos clientes querem fazer e daquilo no que a sociedade está se transformando. É preciso procurar talentos que consigam articular o que a tecnologia pode viabilizar a favor de pessoas e negócios, caso contrário, vamos ter um monte de tecnologia bacana sem ninguém para fazer nada com elas”, completou.
Para Palmaka, a transformação não é de tecnologia e sim de pessoas. Os novos modelos de negócio estão sendo viabilizados porque a tecnologia está disponível em um mundo totalmente conectado e, por isso, ela comenta que é preciso entender como usar as informações e as tecnologias por meio de pessoas que saibam tirar o benefício dessas inovações.
“Precisamos descobrir a melhor forma de nos ajustar a esse novo momento como pessoas e empresas e, no final do dia, saber como isso nos impacta como gestores e líderes dessa transformação pela qual estamos passando”, afirmou.
O equilíbrio entre a tecnologia disponível, a conectividade e a essência dos seres humanos é o principal fator para o engajamento dos colaboradores na opinião do CEO Anglo American Brasil, Wilfred Bruijn.
“É importante ter uma visão de futuro e se adaptar às novas plataformas que estão à disposição sem deixar de lado a relevância da nossa essência como seres humanos”, pontuou.
O CEO acredita que um ambiente de trabalho mais humanizado leva a relacionamentos de confiança e a um aprendizado coletivo que ajudam a superar desafios de forma natural. “Não podemos abandonar a nossa criatividade e compartilhar os sentimentos que nos movem a determinadas decisões faz com que sejamos capazes de trabalhar nossos anseios, medos, vulnerabilidades e também as alegrias e conquistas”, conclui Bruijn.
Liderança – O papel do RH é ser articulador responsável por realizar a conexão entre a alta gestão, as decisões estratégicas e o que está acontecendo com o cliente e com o negócio. O panorama traçado pela diretora executiva Digital Culture Adoption Accenture, Sandra Gioff, traz como principal desafio para o setor a atuação como coach e advisor das lideranças para que os gestores saibam lidar com os funcionários no dia a dia.
Nesse contexto, a capacidade inovadora do líder está diretamente relacionada a uma cultura disruptiva dentro da organização. Segundo ela, os gestores entendem que a tecnologia é um meio que não tem volta e que será responsável por alavancar resultados e ajudar no crescimento da organização, no entanto, há uma dificuldade em descobrir estratégias para escalar essa transformação.

“Não podemos exigir que o líder pense diferente e inove se não existe uma cultura coerente na empresa. É preciso viver essa experiência e o questionamento que escuto dos CEOs é como fazer com que toda a organização viva o que às vezes só uma parte da empresa experimenta”, explicou.
Para tentar integrar toda a organização, Gioff apontou que é necessário abrir mão do conceito tradicional de liderança. O papel do time passa a ser trabalhar com o conhecimento, tirando o foco das tarefas para proteger os ativos e processos da empresa enquanto o líder passa de gerenciador de indivíduos para atuar na melhoria do ambiente organizacional.
“Cada vez mais a liderança precisa extrair o melhor do time, entender as capacidades e potenciais de cada um para usá-los em benefício dos colaboradores e da organização”, comentou.
Na era digital será exigido do líder uma mudança adaptativa. A diretora executiva Digital Culture Adoption explica que as lideranças precisam adaptar a forma de pensar agir para que consigam, no dia a dia, ser um hub entre a organização e seus profissionais.
“O líder do futuro é aquele que sabe fazer as perguntas corretas e não aquele que fala e que tem mais conhecimento que o seu time. Não será exigido dele demandar ou controlar e sim o quanto ele consegue promover o alinhamento da equipe em prol do resultado”, disse Gioff.
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