EDITORIAL | Receita para fazer melhor

A ministra Damares Alves, que ocupa a pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, não raro parece ser uma figura exótica e nessa condição um dos alvos prediletos das críticas ao atual governo. Independentemente dos motivos para isso, é preciso também apontar momentos mais relevantes da atuação da ministra, caso de suas críticas, semana passada, à situação da frota de aviões da Fundação Nacional do Índio, que não voa e parece abandonada em Brasília. Damares quer saber o que se passa, aponta o problema e cobra soluções. Com toda razão.
Conforme publicado na semana que passou, nove aviões da Fundação Nacional do Índio, sendo três irrecuperáveis, um acidentado e cinco inoperantes, estão aparentemente abandonados no Aeroporto de Brasília, pagando caro por ali permanecerem. Por exemplo, as três aeronaves consideradas irrecuperáveis poderão ser vendidas como sucata, o que estaria sendo providenciado, por não mais que R$ 1 milhão, embora apenas a conta de angaragem já passe dos R$ 3 milhões. Enquanto isso a Funai opera com aviões fretados, de terceiros, o que representa um custo anual de aproximadamente R$ 80 milhões, sob suspeitas de que eles estariam sendo utilizados até para tráfico de drogas.
Se faltassem exemplos de como o setor público gasta muito e gasta mal, assunto por sinal recentemente abordado neste espaço, este viria a calhar. Como aceitar que aviões, que são por natureza caros, possam ser abandonados sem qualquer explicação que faça sentido. Ninguém viu? Ninguém se importou, mesmo pagando caro para fretar aviões particulares? Fica a impressão que o dinheiro que muitos acreditam ser da viúva, mas que na realidade pertence a todos nós contribuintes, continua sendo tratado como se não tivesse dono, primeira explicação para a calamidade em que se transformaram as contas públicas.
Por tudo isso é preciso elogiar a atitude da ministra Damares ao apontar o problema, mas também é preciso acompanhar o que virá em seguida, em termos de correções, providências e, não nos esqueçamos, de responsabilizações. Que os noves aviões da Funai se transformem numa espécie de monumento ao desperdício do dinheiro público e que sejam ao mesmo tempo um definitivo basta. Não se pode continuar aceitando tanto descaso e tão pouca responsabilidade no trato do que é público. E preciso aprender, é preciso responsabilizar, é fundamental não repetir.
Nesse caminho e com muito empenho não é difícil imaginar que em pouco tempo possamos chegar a resultados melhores.
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