Superávit da balança comercial brasileira é revista para baixo com mudança de cenário

As estimativas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) quanto ao superávit da balança comercial deste exercício foram revistas para baixo. Entre os motivos que levarão a uma menor diferença entre exportações e importações brasileiras estão a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a lenta recuperação da economia nacional, o menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, o agravamento da crise econômica na Argentina e o rompimento de uma barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Os dados projetados para a balança comercial em 2019 mostram exportações de US$ 223,757 bilhões, com queda de 6,7% em relação a 2018, importações de US$ 171,509 bilhões, com recuo de 5,4%, e superávit de US$ 52,248 bilhões, com retração de 10,9%.
Assim, o saldo da balança brasileira projetado para 2019, ainda que positivo, não gerará atividade econômica, que é proporcionada pela corrente de comércio, que representa a soma entre exportações e importações. A previsão, neste caso, é de queda de 6,1%, chegando a US$ 395,266 bilhões.
Minas Gerais – Da mesma maneira, conforme o presidente-executivo da AEB, José Augusto de Castro, a balança comercial de Minas Gerais também deverá sofrer impactos nos resultados. Isso porque, conforme ele, grande parte da previsão está atrelada à exportação de minério de ferro – um dos principais itens da pauta do Estado.
“O Pará não sofreu nenhum impacto, e a maior parte das exportações da commodity para a balança brasileira está partindo de lá. Em Minas Gerais, por outro lado, já temos observado alguns impactos. A previsão é de que o volume do insumo siderúrgico embarcado caia entre 45 e 60 milhões de toneladas ao final deste exercício, impactando fortemente a balança comercial mineira”, destacou.
Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, as exportações do minério de ferro avançaram 12,7% em relação ao mesmo período anterior, atingindo US$ 3,87 bilhões. Nos primeiros seis meses de 2018, o valor tinha sido de US$ 3,43 bilhões. A alta, no entanto, foi garantida pelo incremento no preço do minério, já que, em termos de toneladas, houve queda de 2,7%. No primeiro semestre deste ano, foram 63 milhões de toneladas, enquanto em igual período do ano passado, 64,8 milhões de toneladas. No acumulado de 2019, o produto respondeu por 32% das exportações do Estado.
Da mesma maneira, conforme Castro, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a consequente queda do preço da soja, o Estado também tem a perder, em função do preço da commodity agrícola no mercado internacional. Por outro lado, com os americanos plantando menos milho para priorizar o cultivo da soja, abre-se mais espaço para a exportação do grão. “Mas nada que compense as perdas com minério”, ponderou.
No total, o saldo da balança comercial mineira encerrou a primeira metade deste exercício com superávit de US$ 7,93 bilhões, registrando alta de 7,45% no comparativo com igual período de 2018, quando o resultado foi de US$ 7,38 bilhões.
De janeiro a junho de 2019, as exportações somaram US$ 12,15 bilhões, alta de 4,3% frente a iguais meses do período anterior, quando o total foi de US$ 11,65 bilhões. Já as importações caíram 1,3%, passando de US$ 4,28 bilhões, nos primeiros seis meses de 2018, para US$ 4,22 bilhões de janeiro a junho deste ano.
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