Economia

Superávit da balança comercial brasileira é revista para baixo com mudança de cenário

Superávit da balança comercial brasileira é revista para baixo com mudança de cenário
Crédito: Daniel Mansur

As estimativas da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) quanto ao superávit da balança comercial deste exercício foram revistas para baixo. Entre os motivos que levarão a uma menor diferença entre exportações e importações brasileiras estão a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a lenta recuperação da economia nacional, o menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, o agravamento da crise econômica na Argentina e o rompimento de uma barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Os dados projetados para a balança comercial em 2019 mostram exportações de US$ 223,757 bilhões, com queda de 6,7% em relação a 2018, importações de US$ 171,509 bilhões, com recuo de 5,4%, e superávit de US$ 52,248 bilhões, com retração de 10,9%.

Assim, o saldo da balança brasileira projetado para 2019, ainda que positivo, não gerará atividade econômica, que é proporcionada pela corrente de comércio, que representa a soma entre exportações e importações. A previsão, neste caso, é de queda de 6,1%, chegando a US$ 395,266 bilhões.

Minas Gerais – Da mesma maneira, conforme o presidente-executivo da AEB, José Augusto de Castro, a balança comercial de Minas Gerais também deverá sofrer impactos nos resultados. Isso porque, conforme ele, grande parte da previsão está atrelada à exportação de minério de ferro – um dos principais itens da pauta do Estado.

“O Pará não sofreu nenhum impacto, e a maior parte das exportações da commodity para a balança brasileira está partindo de lá. Em Minas Gerais, por outro lado, já temos observado alguns impactos. A previsão é de que o volume do insumo siderúrgico embarcado caia entre 45 e 60 milhões de toneladas ao final deste exercício, impactando fortemente a balança comercial mineira”, destacou.

Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, as exportações do minério de ferro avançaram 12,7% em relação ao mesmo período anterior, atingindo US$ 3,87 bilhões. Nos primeiros seis meses de 2018, o valor tinha sido de US$ 3,43 bilhões. A alta, no entanto, foi garantida pelo incremento no preço do minério, já que, em termos de toneladas, houve queda de 2,7%. No primeiro semestre deste ano, foram 63 milhões de toneladas, enquanto em igual período do ano passado, 64,8 milhões de toneladas. No acumulado de 2019, o produto respondeu por 32% das exportações do Estado.

Da mesma maneira, conforme Castro, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a consequente queda do preço da soja, o Estado também tem a perder, em função do preço da commodity agrícola no mercado internacional. Por outro lado, com os americanos plantando menos milho para priorizar o cultivo da soja, abre-se mais espaço para a exportação do grão. “Mas nada que compense as perdas com minério”, ponderou.

No total, o saldo da balança comercial mineira encerrou a primeira metade deste exercício com superávit de US$ 7,93 bilhões, registrando alta de 7,45% no comparativo com igual período de 2018, quando o resultado foi de US$ 7,38 bilhões.

De janeiro a junho de 2019, as exportações somaram US$ 12,15 bilhões, alta de 4,3% frente a iguais meses do período anterior, quando o total foi de US$ 11,65 bilhões. Já as importações caíram 1,3%, passando de US$ 4,28 bilhões, nos primeiros seis meses de 2018, para US$ 4,22 bilhões de janeiro a junho deste ano.

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