Economia

Faturamento da construção pesada em Minas caiu 50% nos últimos 5 anos

Faturamento da construção pesada em Minas caiu 50% nos últimos 5 anos
Crédito: Du Amorim/A2 Fotografia

A crise econômica nacional e a suspensão de investimento por parte do setor público em infraestrutura vêm prejudicando o desempenho da construção pesada em Minas Gerais.

De acordo com os dados do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), nos últimos cinco anos, o faturamento do setor retraiu pelo menos 50%. A expectativa é que a demanda por grandes obras seja ampliada a partir de 2020, o que é essencial para a recuperação do setor e para a economia do País.

A aprovação da reforma da Previdência e do plano de recuperação fiscal do governo de Minas Gerais também são ações consideradas fundamentais para a retomada dos investimentos em infraestrutura dos governos federal e estadual.

De acordo com o presidente do Sicepot-MG, Emir Cadar Júnior, o desempenho do setor segue muito abaixo da expectativa e muito retraído em função da crise econômica e do setor público.

“O desempenho do setor da construção pesada continua abaixo do que esperamos. O grande problema do nosso setor é que demandamos muito de verbas dos governos porque construímos as grandes obras. Quando o setor público corta os investimentos é exatamente em infraestrutura. A gente já viu a sinalização de recuperação em vários setores da economia, mas no nosso negócio ainda não chegou esta mudança de quadro”.

Ainda segundo Cadar, a expectativa é que os negócios sejam retomados no próximo ano. Isso em função dos governos, tanto estadual como federal terem consciência que o Brasil não irá avançar caso não invista em infraestrutura.

“Temos esperança porque o País não vai sair do lugar sem investir em infraestrutura. Então temos a consciência e a ciência de que estão todos pensando em como retomar os aportes, não existe progresso sem infraestrutura. Então, isso é um ponto que mais cedo ou tarde vai acontecer. No primeiro semestre, conseguimos nos manter onde estávamos, que é um lugar muito ruim. Que já era de uma desocupação muito grande do quadro de equipamentos e de máquinas”, disse Cadar.

A crise já é vivenciada pelo setor há cinco anos. Neste período, a estimativa é que o faturamento da construção pesada tenha retraído pelo menos 50% em Minas Gerais. O quadro é considerado preocupante por comprometer o rendimento das empresas e pelo setor ser um dos grandes gerados de postos de trabalhos em várias cadeias produtivas e abrangendo trabalhadores de classes econômicas e de formação profissional variadas.

A expectativa é que ocorra a retomada dos investimentos a partir de 2020. De acordo com Cadar, tanto o governo federal como o estadual têm falado na necessidade de retomar as construções, o que gera um cenário de expectativa melhor. A Prefeitura de Belo Horizonte também vem sinalizando um pacote de grande de obras para a Capital.

“De 2014 até agora registramos muitas perdas. A construção pesada, na minha opinião, é o setor mais importante da economia. Isso porque ele gera empregos e move toda a economia do País. Estamos sofrendo muito com essa crise, mas temos esperança de a partir de 2020 para frente haja uma retomada. Nos últimos cinco anos, o faturamento do setor retraiu mais de 50%. O Estado contratava mais de 50% do que ele contrata hoje e, essas contratações, são para apenas para manutenção. Tem cinco anos que a gente não anda para frente e cuidamos somente do que temos. Isso é péssimo. Tem cinco anos que não temos obras novas”, explicou.

Ações – Entre as ações, citadas por Cadar, que podem contribuir para a retomada dos investimentos dos governos está a aprovação da reforma da Previdência, considerada fundamental para ajustar as contas do governo e permitir a retomada dos investimentos em que infraestrutura.

As concessões de rodovias, em Minas Gerais, são vistas como importantes para ampliar a demanda na construção pesada e contribuir para a retomada do crescimento. Também é favorável a adesão ao plano de recuperação fiscal junto ao governo federal, proposta pelo governo de Minas Gerais.

“A reforma da Previdência é essencial para todos os brasileiros. O planejamento do governo de Minas Gerais, em relação ao plano de recuperação fiscal, com certeza é positivo e a retomada da capacidade de investir em infraestrutura passa por isso. Se conseguir fazer o plano de recuperação fiscal, sobrará verba para investir”.

Ainda segundo Cadar, existem centenas de obras paralisadas no Estado incluindo escolas, hospitais e rodovias. A expectativa é que elas sejam retomadas com a melhoria das condições de investimento dos governos.

Retração na demanda preocupa empresariado

Brasília – A falta de demanda interna foi apontada como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas do setor de construção civil, segundo a Sondagem Indústria da Construção referente a junho. A pesquisa foi divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A entidade, no entanto, avalia que o cenário atual do setor é “menos negativo”, apresentando “sinais de melhora”, se comparado ao que foi projetado no início do ano.

De acordo com o levantamento, relativo ao segundo trimestre de 2019, a demanda interna insuficiente foi apontada como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas, por 37,3% dos empresários pesquisados – atrás apenas da carga tributária (37,9%). No primeiro trimestre, a preocupação com a demanda insuficiente estava pouco abaixo, sendo mencionada por 35,2% dos entrevistados.

Também foram citados, como principais problemas enfrentados pela indústria da construção no segundo semestre, a falta de capital de giro (28,8%), a inadimplência dos clientes (25,6%), a burocracia excessiva (24,2%), a taxa de juros elevados (23%) e a falta de financiamento de longo prazo (14,3%). Diante desse cenário, a CNI defende que o governo adote “medidas que possam lidar com a falta de demanda e que facilitem o financiamento certamente seriam positivas para o setor”.

Diante desse cenário, a indústria operou, em junho, com 43% do pessoal, das máquinas e dos equipamentos parados. “O quadro ainda é difícil para o setor, mas há uma tendência de melhora futura”, avalia a CNI, tendo por base o crescimento, pelo quinto mês consecutivo, dos indicadores de nível de atividade e de emprego no setor.

“Os índices ligados a atividade, mesmo sem atingir o campo positivo, crescem desde fevereiro, traçando quadro mais positivo do que se projetava no início do ano. Além disso, os índices de condições financeiras, ainda que bem abaixo do observado antes da crise, voltaram a melhorar no segundo trimestre”, diz o documento divulgado pela CNI.

Segundo a entidade, o índice de nível de atividade aumentou 1,3 ponto na comparação com maio, registrando 48,2 pontos – o maior desde novembro de 2013. Já o índice de evolução do número de empregados cresceu 2,2 pontos na comparação com maio alcançando 47,2 pontos, o maior desde outubro de 2013.

“Embora os dois índices continuem abaixo dos 50 pontos, mostrando o desempenho negativo da atividade e do emprego, o cenário é mais animador do que o projetado no início do ano”, informa a pesquisa.

Situação financeira – As empresas se dizem insatisfeitas com suas margens de lucro, índice que ficou em 40,1 pontos, e com a própria situação financeira (34,9 pontos). Estes indicadores variam entre zero e 100 pontos. Quando mais abaixo dos 50 pontos, mais insatisfeitas as empresas estão.

Alguns indicadores relativos a expectativa e confiança para os próximos seis meses ficaram acima dos 50 pontos, o que, segundo a CNI, mostra que os empresários “esperam o aumento do nível de atividade (índice que registrou 56,4 pontos), de novos empreendimentos e serviços (56,4), da compra de insumos e matérias-primas (55,1) e do emprego (54,6)”.

Já o Índice de Confiança do Empresário da Construção (Icei-Construção), que mede expectativa para julho, registrou 58,7 pontos, número 9,8 pontos acima do registrado em julho do ano passado.

A Sondagem Indústria da Construção foi feita entre 1º e 11 de julho com 488 empresas (172 de pequeno porte; 209 de médio porte; e 107 são de grande porte). (ABr)

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