Pagamento por aproximação cresce em Belo Horizonte

Belo Horizonte está entre as cidades destaques no Brasil em adesão a uma forma inovadora de transação financeira nos estabelecimentos: os pagamentos por aproximação. Disponível em boa parte do comércio na Capital, a modalidade funciona a partir da tecnologia Near Field Communication (NFC) e permite a leitura de informações em cartões e outros dispositivos, como celulares e relógios inteligentes, para a realização de pagamentos.
De acordo com dados da Visa, entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018, houve um crescimento de 22,7 vezes nas transações realizadas com a tecnologia em Belo Horizonte.
A média de crescimento na Capital foi maior que a do País, que aumentou em 18 vezes o volume dessas transações nesse mesmo período.
O diretor de Soluções da Visa do Brasil, Alessandro Rabelo, explica que a empresa trabalha com a tecnologia no Brasil desde 2008, mas a adesão ficou mais forte apenas nos últimos três anos.
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“Com as Olimpíadas em 2016 tivemos vários casos de uso do pagamento por aproximação e, depois disso, a tecnologia começou a se espalhar e ser adotada”, diz. Segundo ele, as capitais têm um volume maior de adesão, mas também já existe registro de crescimento no interior.
A mesma evolução foi registrada pela Mastercard. De acordo com a empresa, entre janeiro e maio deste ano, mais de 390 mil pagamentos por aproximação foram realizados em Belo Horizonte. Só em 2019, o crescimento foi de 237%, considerando a comparação entre as compras realizadas em julho e as de janeiro.
Segundo a empresa, os segmentos que mais utilizaram essa forma de pagamento na cidade foram restaurantes, supermercados, redes de fast food e farmácias. O tíquete médio dessas transações foi de R$ 50 e os dispositivos mais utilizados no último mês foram os cartões físicos, representando 67% do total de transações realizadas.

“Belo Horizonte é a terceira cidade com maior número de pagamentos por aproximação no Brasil, ficando atrás apenas de Rio de Janeiro e São Paulo”, afirma o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard Brasil e Cone Sul, Paulo Frossard.
Segundo ele, a empresa começou a difundir a tecnologia no Brasil no ano passado. O executivo explica que a tecnologia NFC permite que a máquina faça a leitura dos dados do cartão ou nos dispositivos móveis sem que haja a necessidade de encostar um objeto no outro. Como a leitura acontece só na aproximação, a forma de pagamento gera praticidade e rapidez no atendimento dos estabelecimentos.
“A operação chega a ser 10 vezes mais rápida que uma transação convencional, em que o cartão precisa ser inserido ou passado na máquina. A tecnologia traz eficiência para o comércio, principalmente para os estabelecimentos que ficam cheios, têm filas”, afirma.
Consumidor puxa crescimento – O gerente de inovação e tecnologia da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo Costa, acredita que a grande adesão pela tecnologia na capital mineira é impulsionada, principalmente, pelo consumidor.
Ele destaca que os clientes estão, cada vez mais, familiarizados com os dispositivos móveis e objetos com inteligência embarcada, de forma que aderiram rápido ao pagamento por aproximação.
“O setor do comércio ainda é tradicional e demora a mudar. Mas, como o consumidor está atento às inovações, ele cobra a adaptação e o empresário é forçado a acompanhar as mudanças”, afirma. O gerente explica que a CDL BH já vem trabalhando com os comerciantes para que eles sejam os protagonistas na incorporação das inovações e não esperem o cliente demandar.
“No nosso programa Varejo Inteligente ensinamos que vivemos a era da economia da expectativa. Isso quer dizer que o empresário precisa entender o que o cliente espera, qual é o perfil desse consumidor e o que ele demanda. Não dá mais para competir só com produto e preço: é preciso inovar”, afirma.
Tendência – Para o professor da área de estratégia e gestão empresarial da Fundação Dom Cabral (FDC), Fabian Salum, não há dúvidas de que o pagamento por aproximação, assim como outras tecnologias que facilitam o pagamento, são tendências nesse novo universo do consumo. Ele lembra que o consumidor está mais seletivo e procurando conveniência, conforto e segurança.
“Ninguém quer ter que carregar três ou mais cartões diferentes: se o consumidor puder resolver tudo por um celular ele vai optar por isso”, diz.
O diretor de Soluções da Visa do Brasil, Alessandro Rabelo, explica que a tecnologia NFC permite exatamente essa diminuição de cartões na carteira do cliente. Isso porque ela pode ser usada para compras no comércio, mas também em outros segmentos, como pagamento de transporte público, estacionamentos, pedágio e até máquinas de comida.
“No Rio de Janeiro já lançamos o pagamento da passagem do metrô por essa tecnologia, de forma que o passageiro não precisa carregar um cartão só para o metrô. Imagine como essa tecnologia também facilitaria a entrada e a saída de carros em um estacionamento? Não precisaria do papel, dizendo a hora da entrada”, diz.
O diretor também destaca que a Visa está atenta a outras tendências para o pagamento. No mundo on-line, por exemplo, a empresa trabalha na possibilidade de pagamento em débito, assim como em tecnologias que aperfeiçoem a autenticação do consumidor. Há uma atenção especial também para os pagamentos instantâneos, que é como se fosse uma transferência bancária, mas sem as regras e taxas dessa operação.
“É uma transferência, mas é pagamento na hora: sai do meu cartão para o cartão ou a conta de quem se deseja pagar”, explica.
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