EDITORIAL | Construir a linha reta

Dando como cumprida a etapa da reforma do sistema previdenciário, o mais alto escalão do governo federal fica calmo. Primeiro, pela quase certeza de que a meta traçada pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, será cumprida, com a economia bem próxima do desejado um trilhão de reais em dez anos. Segundo, pela esperança de que esse alívio seja entendido, entre investidores, como indicativo seguro de que o terreno está sendo preparado para a retomada do crescimento e, terceiro, pela disposição de atacar em outras frentes, começando pela reforma tributária.
Por enquanto, oficialmente pelo menos, o que tem saído na imprensa seria, nas palavras do presidente da República, indicativos de tendências e estudos, sem nada, como no caso da recriação de algo parecido com um imposto ou taxa, sobre operações financeiras, a que se possa atribuir a condição de decisões tomadas. Certo nos parece que a tão aguardada reforma tributária, depois de uma espera que passa, folgadamente, de três décadas, finalmente ganha corpo. Não que se deva esperar, por horas, qualquer forma de alívio na carga tributária, tamanha é a deterioração das contas públicas. Espera-se simplificação e racionalidade, o que, se efetivado, poderá representar um grande avanço para o País.
E de alimentar esperanças mais robustas quanto às perspectivas de retomada do crescimento, medido pelo PIB, que é estimado para menos de um por cento este ano e um pouco mais no próximo. Mas se o terreno estiver bem preparado, se os ajustes que vão sendo desenhados pela equipe econômica ganharem consistência, poderá ser mais, com um impulso que poderá ser sentido já no último trimestre do ano corrente. Quem pensa assim explica que o setor produtivo vem operando com grande capacidade ociosa, o que significa que o panorama pode mudar no curto prazo, demandando para isso mais confiança que propriamente investimentos.
Quem tem juízo, quem aposta no Brasil e não em facções políticas, desejando o bem ou o mal não por conveniência, só pode torcer para que tais avaliações estejam apontando o rumo e o fim de um ciclo cuja gravidade, no plano econômico, nunca foi tão severo. Torce também para que, finalmente, sejamos todos capazes de focar atenção e esforços naquilo que realmente interessa, deixando de lado as questões menores, por sua própria dimensão menos importantes, ainda que em certos momentos pareçam cortinas de fumaça produzidas deliberadamente, para confundir e dificultar movimentos assertivos.
Trata-se de enxergar o futuro, traçar objetivos e definir como alcançá-los, em nome e como reflexo da vontade e necessidades da maioria dos brasileiros.
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