Opinião

EDITORIAL | Erros que vão se repetindo

EDITORIAL | Erros que vão se repetindo
CRÉDITO: ALISSON J. SILVA/Arquivo dc

Para resumir e ir direto ao ponto, as contas da União, dos Estados e dos Municípios estão estouradas, a rigor colocando os brasileiros diante de duas únicas possibilidades: ou um controle férreo dos gastos – o que não significa que este processo não seja inteligente – ou assistirmos todos, passivos, ao barco afundar. Desse assunto, evidentemente crucial, nos ocupamos ainda na edição de ontem, repetindo que no setor público gasta-se muito e gasta-se mal, sem sinais claros de que antigos hábitos foram afinal deixados de lado.

Afinal, tendo em vista tudo que aconteceu, tudo que alegadamente foi apurado, com a troca de comando apontada como necessária e cura para todos os males, e tudo que foi prometido, voltamos ao tema, agora para relatar que em São Paulo as obras do Rodoanel Norte, que tanta inveja causa aos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte, começaram em 2013 e foram orçadas em R$ 4,3 bilhões. Não estão concluídas, o que deveria ter acontecido em 2016, mas já consumiram R$ 6,85 bilhões e as estimativas do momento são de que não ficarão prontas por menos que R$ 10 bilhões.

Tudo isso parece fazer parte de uma triste rotina, mas, claro, não deveria ser assim, com o custo de uma obra mais que dobre e tudo seja tratado como natural e aceitável. Como no caso de uma famosa refinaria da Petrobras, hoje virtualmente abandonada, cujo orçamento aumentou quatro vezes sem que ninguém, absolutamente ninguém, tivesse sequer a curiosidade de saber o que estava acontecendo. Uma situação que só mudou quando conveniências políticas tornaram conveniente transformar o acontecido em escândalo e só então cuidar de procurar os culpados.

Até então parece que ninguém tinha notado nada, da mesma forma que acontece agora com o Rodoanel Norte, em São Paulo. Faltam explicações minimamente convincentes, para além daquelas que podem ser intuídas com relativa facilidade. Estamos falando de um caso entre centenas, talvez milhares se considerado um período maior e ficamos imaginando quanto terá custado ao longo, por exemplo, de duas ou três décadas, a repetição desses procedimentos, o sobrepreço transformado em rotina, um dos mecanismos usuais a alimentar desvios e corrupção.

Ficamos imaginando também como tudo isso pode acontecer, apesar dos sistemas de controle, que em tese existem, ajudando a alimentar uma burocracia que torna o Estado mais anêmico e muito pouco contribui para melhorar sua condição. Observar o que aconteceu, aprender, pode e deve ser verdadeiramente os primeiros passos para impedir que volte a acontecer, dando bases mais realísticas ao tão aguardado processo de recuperação, fundado num modelo limpo e realmente novo.

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