Joalheiro resgata na Capital modelo tradicional de loja

A loja recém-inaugurada na Savassi, de pouco mais de 70m², dá um novo rumo à carreira do joalheiro Felipe Gomes. Formado na Itália e com passagens por grifes como Cartier, Bvlgari e Tiffany, após dois anos com um showroom no bairro de Lourdes (região Centro-Sul), ele aposta no resgate do charme de uma joalheria com porta virada para a rua em uma das regiões mais tradicionais da Capital.
O investimento de R$ 500 mil quer oferecer ao público o conforto de entrar na loja a hora que quiser, sem a burocracia do atendimento, uma conversa sem hora para acabar e a oportunidade de criar junto com o artista algo único e com valor sentimental.
Na joalheria que leva o seu nome, o empresário assina peças que quase sempre usam pedras brasileiras, a maioria delas de Minas Gerais. Hoje, cerca de 35% do faturamento vem das peças personalizadas.
“Eu queria resgatar o charme das antigas joalherias e não havia lugar melhor que a Savassi para isso. Eu comando e verifico todo o processo de produção das peças com profissionais altamente capacitados. Tenho as linhas autorais e também trabalho sob demanda. Essa é uma parte muito interessante porque aparece de tudo: desde quem quer usar as alianças dos avós para fazer uma joia até quem quer criar algo totalmente novo”, explica Gomes.
Apesar do sucesso e de atuar em um segmento em que a palavra crise não costuma requentar o vocabulário, o joalheiro também teve que se adaptar aos últimos tempos de economia em queda no Brasil. Acostumado a trabalhar a linha matrimonial durante bastante tempo, percebeu que um caminho mais promissor seria o da sofisticação e personalização.
“A crise chegou a todos os setores da sociedade. Foi buscando ainda mais proximidade que topamos o desafio de empreender com joias. Hoje, faço um número menor de vendas porém com tíquete médio mais alto. O valor está na qualidade da matéria-prima, no design e também na exclusividade”, destaca.
Na sede, mais de 200 itens formam o mostruário e funcionam como pontos de partida à criatividade e personalização, em modelos que vão do mais clássico ao mais arrojado. Para garantir a qualidade das joias ele se vale do que há de mais moderno na indústria como, por exemplo, a usinagem de peças em 3D.
“Aqui, a tecnologia é uma ferramenta a favor da arte e do artesanato. O Brasil, mais do que um grande produtor de pedras, é também detentor de um design respeitado em todo o mundo, mas estamos perdendo a arte da lapidação. Estamos vendendo pedras brutas e comprando joias prontas com as nossas próprias pedras. Isso é fruto de um erro estratégico antigo que tem resultados hoje. Então o meu trabalho vem também desse cuidado. Cada peça tem um projeto e um tratamento artesanal”, completa o joalheiro.
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