Opinião

EDITORIAL | Algum espaço para otimismo

EDITORIAL | Algum espaço para otimismo
Crédito: Pxhere

Ninguém ouviu foguetórios no Brasil, mas o clima, notadamente nos gabinetes oficiais, era de comemoração depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano, com crescimento de 0,4% em comparação ao trimestre anterior. Parece pouco e é pouco mesmo, mas o significado desse movimento ascendente é bastante relevante. E não apenas porque o índice apurado corresponde ao dobro do esperado, mas, principalmente, porque indica que o País não está em recessão e porque pode significar, considerado o ciclo de doze meses que se completa em dezembro, um crescimento anualizado que poderá chegar aos 2%, talvez um pouco menos.

Também chamou atenção, na apuração números relativos ao segundo trimestre do ano, a reação registrada pela indústria, com crescimento de 0,7% depois de dois trimestres negativos, com destaque para os 2% do setor de transformação e 1,7% para a construção, níveis que podem ser interpretados como sinais claros de um início de recuperação, que se repete no comércio, com 0,7% e no consumo das famílias, que ficou em 0,3% enquanto os investimentos ficaram em exuberantes, para as circunstâncias, 3,2% depois de dois trimestres anteriores negativos.

Ninguém ousou comemorar, soltar foguetes, porque o clima ainda é de incertezas e o processo de recuperação lento como nunca foi no passado. Em termos práticos, isso quer dizer que na atualidade a economia brasileira encontra-se nos mesmos níveis do segundo trimestre de 2012 e, conforme as informações do IBGE, 4,8% abaixo do ponto mais alto, que foi alcançado no primeiro trimestre de 2014. Resumindo, estamos todos mais pobres e o contingente de desempregados ainda apavora os mais atentos.

Até que o ano termine, a maioria dos estudiosos trabalha com dois cenários. Primeiro, a consolidação da tendência de expansão, sustentada até agora basicamente pela elevação do consumo interno, e que pode se beneficiar de medidas como injeção de R$ 40 bilhões do FGTS e do PIS, além da aprovação da reforma do sistema previdenciário, que pode significar mais folga para o setor público e mais confiança para o privado. Na direção contrária, miram a guerra comercial entre Estados Unidos e China, a deterioração da economia argentina, alguns dos fatores que alimentam temores de recessão global.

Mas existe um terceiro cenário, que mira crescimento entre 1,8% e 2% ainda neste ano, hipótese dependente da capacidade do setor publico desobstruir gargalos que continuam inibindo a retomada de investimentos. Que valha esta terceira aposta.

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