EDITORIAL | Melhor destino para a Ceasa

O processo de privatização da Ceasa Minas está decidido e em andamento, embora ainda sem prazo definido para a concretização da operação. Sabe-se, no entanto, que grupos estrangeiros, entre os quais figurariam franceses e chineses, já manifestaram interesse no negócio, cujo valor estimado está entre dois e três bilhões de reais. Esta não é, entretanto, a melhor medida do valor real da Ceasa, com seus 500 mil m² de área construída por onde circulam 40 mil pessoas diariamente. Muitíssimo mais relevante é a estimativa de que passam por seus galpões 80% dos alimentos consumidos diariamente na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
É também o bastante, entendemos, para que se conclua que as operações da Ceasa, hoje controladas pelo Ministério da Agricultura, são estratégicas para produtores, para comerciantes e para o conjunto da população, sendo ideal que seu controle permaneça em Minas, com os mineiros, e esta não é felizmente uma ideia utópica, fora da realidade. Os próprios empresários que atuam na Ceasa, congregados pela Associação Comercial local, já se articulam com este propósito e, mais que igualdade de condições em negociações futuras, deveriam ter preferência. Discretamente como convém, e é próprio dos mineiros, eles já trabalham com este objetivo, argumentando que já comprovaram sua capacidade de gestão e têm condições para levantar o capital necessário.
Seriam na realidade, e em todos os sentidos, os candidatos ideais, sobretudo porque representam a melhor garantia de que não haveria riscos à trajetória de sucesso que a Ceasa percorre há 45 anos, acumulando experiência e confiabilidade que nenhum outro comprador estaria em condições de oferecer. Esta é uma causa de interesse direto de todos os mineiros, vital para os produtores e igualmente importante para toda a cadeia de distribuição, justificando assim uma mobilização mais ampla, seja nas esferas do governo estadual, da bancada mineira no Congresso Nacional e das entidades representativas do mundo empresarial, com destaque para as federações da Agricultura e do Comércio.
Os empresários que já se movimentam em torno da ideia não reclamam favores ou concessões de qualquer espécie, mas estão defendendo, legitimamente, um espaço que puseram e mantêm de pé. Querem fazer mais e esperam encontrar na figura do mineiro e empresário Salim Mattar, hoje secretário especial do Ministério da Economia, responsável pelo programa de privatizações, um interlocutor sensível a seus argumentos.
Desse diálogo, não duvidamos, poderá sair a melhor solução para a questão que, está demonstrado, é da maior relevância para a economia regional, além de impactar diretamente as vidas de, talvez, milhões de mineiros.
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