Produção de veículos no Brasil recua 7,3% em agosto afetada pelas exportações

São Paulo – A indústria de veículos do Brasil teve queda de 7,3% na produção de agosto em relação ao mesmo período do ano anterior, mas acréscimo de 1,1% na comparação com julho, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A produção de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado somou 269,8 mil unidades, novamente afetada pelo declínio nas exportações de veículos montados, de 12,8% na base mensal e de 34,6% na comparação anual.
No acumulado do ano, a produção totalizou 2,01 milhões de veículos, elevação de 2% sobre o mesmo período de 2018.
De acordo com a entidade, o mercado interno em alta é o que vem mantendo positivos os números de produção, já que houve grande queda nas exportações (37,9% no acumulado do ano) em função da aguda crise na Argentina.
“Mais uma vez, o segmento de caminhões se destacou com uma alta de 13,1% na produção acumulada, sinalizando a recuperação da atividade econômica no Brasil”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em nota.
As vendas de veículos novos em agosto cederam 0,3% em relação a julho e 2,3% contra um ano antes, para 243 mil unidades, em razão de efeito calendário. Nos oito primeiros meses do ano, porém, os licenciamentos acumulam crescimento de 9,9% ano a ano, totalizando 1,79 milhão de unidades.
De acordo com a Anfavea, foi o melhor agosto em média diária de vendas desde 2014, com 11.045 unidades/dia, terceira melhor média de 2019.
“Temos razões para crer numa melhora das vendas no último quadrimestre, em função do aumento de crédito com juros menores, da injeção de recursos na economia, como FGTS e 13º salário, e também pelos efeitos de uma série de lançamentos importantes de modelos líderes de mercado”, apontou Moraes.
Comércio exterior – As exportações continuam operando no vermelho, com quedas em todos os recortes de comparação. No acumulado do ano o percentual de queda é de 37,9%.
“Não tem nenhum fato novo, é a Argentina. Só para dar uma dimensão: nós exportamos em julho para lá 18 mil unidades e, em agosto, caiu para 12 mil. Então continua sendo um desafio”, afirmou Moraes.
O presidente da entidade afirmou que o controle de dólares no país vizinho, a princípio, não deve afetar o setor automotivo brasileiro, mas o sinal preocupa.
“Ainda estamos tentando entender o que significa isso. Em um primeiro momento não afeta o sistema de produção, mas o controle de moedas para o mundo do negócio não é bom”, afirmou.
Moraes também comentou um possível anúncio de novos prazos para o acordo de livre-comércio entre o Brasil e a Argentina no setor automotivo.
Em reportagem de julho, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que os argentinos solicitaram a prorrogação do atual sistema de comércio administrado de veículos e autopeças até julho de 2023. Já os brasileiros preferiam manter o que estava inicialmente previsto: o livre-comércio a partir de julho de 2020.
De acordo com Moraes, há uma movimentação para que os governos anunciem detalhes sobre mudanças nessa parceria nesta sexta-feira.
“O acordo com a Argentina termina em julho e é natural que nesse momento que se discuta essa renovação. Os detalhes estão planejados para serem divulgados amanhã (hoje). E a direção é para se chegar ao livre-comércio, qual é a data, nós ainda não sabemos.” (Folhapress/Reuters)
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