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VIVER EM VOZ ALTA | Caetano Levi Lopes no Instituto Histórico

VIVER EM VOZ ALTA | Caetano Levi Lopes no Instituto Histórico
Crédito: Divulgação

ROGÉRIO FARIA TAVARES*

O desembargador Caetano Levi Lopes tomou posse, recentemente, no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, quando tive a oportunidade de saudá-lo. Na ocasião, procurei destacar alguns traços marcantes de sua trajetória, sobretudo aqueles ligados à docência e à magistratura. Também fiz referências, ainda que breves, às suas origens, ponto que considero fundamental para a compreensão de qualquer biografia.

Nascido em Mariana, mais especialmente em Bandeirantes, um dos distritos daquele município, Caetano é filho de dona Ana e Seu Felício. Passou a infância numa cidade tranquila, em que se podia deixar a casa de porta aberta e em que era tranquilo caminhar pelas ruas – passear pelas ruas – inclusive à noite. Aluno da Escola Infantil Santo Estêvão e, depois, do Grupo Escolar Professor Soares Ferreira, teve sete irmãos. Perdeu a mãe quando contava somente onze anos. Ela faleceu bastante jovem, com menos de quarenta.

Seu pai era o homem de confiança, o braço direito de seu tio avô, o Cônego Cotta, que fora prefeito e seguia sendo uma personalidade importante. Ainda segue viva na retina de Caetano a imagem do imponente sobrado na Praça da Sé, onde morava o Cônego.

Quando tinha dezesseis anos, seu pai, industriário, foi transferido, em razão de seu trabalho, para Barbacena. Ali, o jovem marianense fez o curso de Contabilidade no Colégio Comercial Plínio Alvarenga. Afeiçoado ao campo das Humanidades, prestou o vestibular para a Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete. Residindo em Barbacena durante todo o período em que durou a sua formação jurídica, enfrentava, todos os dias, uma estrada estreita e perigosa para chegar à escola. Formado em Direito, começou logo a advogar e a lecionar, estreando como docente no curso de Contabilidade de Barbacena. Em 79, foi aprovado no concurso para juiz, iniciando, aí, a carreira a que se dedica há quatro décadas.

Titular em Rio Pardo de Minas, Januária, Teófilo Otoni e Belo Horizonte, integrou o antigo Tribunal de Alçada por oito anos, chegando ao TJ em 2002.

Entusiasmado pelo ofício que abraçou como a causa de sua vida, sempre destaca, entre as qualidades primordiais ao exercício da função, a de saber ouvir, a de ser capaz de sentir os dramas humanos, sem deixar-se encastelar no conforto do gabinete.

Se em Caetano há o juiz compassivo, mas rigoroso, nele também mora o professor apaixonado. É sua a frase: meu único vício é a sala de aula. Na Faculdade de Direito Milton Campos leciona desde 1986. Conhecido pela excelência de suas lições, adverte sempre os alunos: na vida profissional sobrevivem apenas os melhores. É o chamado darwinismo intelectual, diz ele. Por isso, é preciso empenho verdadeiro – arremata. Sintonizado com as principais questões de sua época, considera que uma das tarefas mais desafiadoras do docente, hoje, é acompanhar os novos tempos, sobretudo as novidades trazidas pela revolução tecnológica. A empatia também é fundamental. É necessário experimentar o lugar do outro – para entendê-lo em suas sutilezas, para relacionar-se com ele de modo mais eficaz. Mas a firmeza no trato com os discentes precisa continuar. É boa para a formação deles, conclui o mestre Caetano, cujo exemplo máximo no magistério foi dado por seu antigo professor de História, o Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, meu confrade na Academia Mineira de Letras e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

*Jornalista e presidente da Academia Mineira de Letras

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