Dólar recua frente ao real em meio ao alívio nas tensões na Arábia Saudita
São Paulo – O dólar encerrou em queda contra o real ontem, em sessão marcada por volatilidade, em meio a alívio das tensões na Arábia Saudita e à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve nesta quarta-feira.
O dólar à vista teve queda de 0,31%, a R$ 4,078 na venda, depois de oscilar entre altas e baixas no pregão. Na mínima da sessão, o dólar chegou a tocar R$ 4,0736, enquanto na máxima chegou a R$ 4,1181. Na B3, o dólar futuro recuava 0,07%, a R$ 4,0815.
“Os mercados esperavam que a reposição dos estoques sauditas levaria meses e a afirmativa de que na verdade isso acontecerá em bem menos tempo trouxe um grande alívio”, afirmou Alessandro Faganello, operador de câmbio da Advanced Corretora.
A oferta de petróleo da Arábia Saudita foi totalmente retomada após ataques no final de semana interromperem metade da produção do país, disse ontem o ministro de Energia saudita.
Ele afirmou que a Arábia Saudita seguirá com seu papel de fornecedora segura dos mercados mundiais de petróleo, acrescentando que o reino precisa tomar medidas rígidas para prevenir novos ataques.
Segundo Faganello, temores relacionados à oferta no mercado de petróleo pressionaram mais cedo na sessão por preocupações de que a questão a longo prazo pudesse se tornar um fator para o Fed repensar a análise dos indicativos inflacionários.
Agentes do mercado agora voltam suas atenções para a decisão de política monetária do banco central norte-americano na quarta-feira, com os juros futuros dos EUA indicando que operadores veem 52,7% de chance de o Fed manter os juros nos atuais níveis na próxima reunião, de acordo com a ferramenta Fedwatch do CME Group.
Na cena doméstica, o mercado também se manterá atento à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que divulga sua decisão de política monetária também na quarta, com expectativas de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic.
Bolsa – O Ibovespa seguiu o viés positivo e fechou em alta, com a recuperação de companhias que registraram queda na véspera, com aversão a risco provocada pelos ataques à Arábia Saudita. O índice subiu 0,90%, a 104.616 pontos, maior patamar desde 18 de julho.
A Gol subiu 5,55% nesta sessão, a R$ 33,83, depois de cair 7,7% na véspera. A Azul teve alta de 3%, a R$ 48,45 depois de cair 8,45% na segunda (16).
Já as ações da Petrobras, reverteram parte dos ganhos de segunda. Os papéis preferenciais (mais negociados) da companhia recuaram 1,32%, a R$ 27,69. Os ordinários (com direito a voto) caíram 1,55%, a R$ 30,52.
Além da forte queda na cotação do petróleo na sessão, a valorização da estatal foi afetada pela decisão de não repassar, de imediato, a recente alta da commodity para os consumidores.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a empresa tem autonomia na questão. Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse em entrevista à Rede Record que conversou com o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e foi informado de que não será elevado o valor ao menos neste primeiro momento.
“Ele me disse que, como é algo atípico e a principio tem um fim para acabar, ele não deve mexer no preço do combustível”, afirmou.
Depois da declaração do presidente, a estatal publicou um comunicado ao mercado em que explica a decisão de não fazer um ajuste de forma imediata, já que “o mercado apresenta volatilidade e a reação súbita dos mercados ao evento ocorrido pode ser atenuada na medida em que maiores esclarecimentos sobre o impacto na produção mundial sejam conhecidos”.
A empresa ressalta ainda que não há periodicidade mínima em sua política de preços, que prevê acompanhar as cotações internacionais, com base em um conceito conhecido como paridade de importação – que simula quanto custaria para trazer combustíveis ao mercado interno. (Folhapress/Reuters)
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