Opinião

EDITORIAL | Equilíbrio pode ser construído

EDITORIAL | Equilíbrio pode ser construído
Crédito: NASA

O ataque à Arábia Saudita, atribuído ao Irã, fez subir a temperatura no Oriente Médio e, consequentemente, aumentar as tensões globais, com efeitos imediatos sobre os preços do petróleo. Com a economia crescendo em ritmo lento e as incertezas ditadas pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, sobram motivos para preocupação diante de um processo que também no campo político parece ser involutivo. Romper este círculo repetitivo talvez seja, para o planeta que não vê o perigo imediato e tenta encobri-lo com questões que, pelo menos nesse nível, não parece ser as mais importantes, abraçar o desafio de, realmente, fazer diferente, entendendo inclusive que a natureza daquilo que se entende como poder também está mudando rapidamente.

Pensar no futuro, para resumir, é pensar diferente. Como aponta o economista Marcelo Medeiros, brasileiro e professor visitante da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Ele entende, desafiando verdades tidas como absolutas, que a estratégia do desenvolvimento econômico chegou a um limite, que para ele é o ambiente em que deixou de dar as respostas esperadas e desejadas. Propõe, em consequência, uma visão nova, que chama de “igualitarismo”, em que, segundo suas palavras, o crescimento com um mínimo de justiça seja levado a sério. Historicamente, uma pretensão próxima da utopia, mesmo que traga as marcas da racionalidade, a serem tomadas como advertência.

A questão pode ser vista numa outra perspectiva. O planeta está empobrecendo, mas, paradoxalmente, a concentração da renda aumenta. Pobres mais pobres, ricos mais ricos sem que os estrategistas dominantes se deem conta do que isso significa. Cai o poder de compra, cai o consumo e cai a produção, num desequilíbrio progressivo que começa a produzir insatisfação mesmo nos países mais ricos, no caso europeu, pressionados também pelo crescimento da imigração, principalmente a partir do norte da África, que é outro matiz da mesma questão. Nesse ponto, já dizem alguns, a grande questão passa a ser determinar por quanto tempo será possível resistir.

Recompor o equilíbrio, por exemplo, nas regiões que alimentam a migração em direção à Europa, significa criar condições para que as populações locais não precisem mais fugir em busca da sobrevivência. Ou que o petróleo, como dizíamos no início desse comentário, deixe de ser uma arma de provocação e dominação. O economista citado fala em “igualitarismo” como uma nova visão e está certo. Mas poderia falar também, sendo mais direto, apenas em senso de sobrevivência.

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